Vacina infantil: médicos tiram as mairoes dúvidas dos pais
Texto: Louise Zin
Na última quinta-feira, 24, Minas Gerais alcançou a marca de 50% das crianças entre 5 e 11 anos vacinadas com pelo menos a primeira dose contra a Covid-19. Os dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que 900 mil crianças já estão protegidas com a dose inicial.
Hoje, 25, em entrevista, o secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti afirmou que muitos pais demonstraram desconfiança frente a vacina, ele também conta que “As fake news e desinformação atrapalharam bastante, mas é algo que está se alterando agora”.
A Faculdade de Medicina de Barbacena está com o projeto “COVID 19: informação científica, desmistificação de fake news, incentivo a vacinação e promoção à saúde” em ação. Os professores Herbert José Fernandes, mestre em Ciências da Saúde com foco em Doenças Infecciosas e Parasitárias, e Cristina Maria Miranda Bello, Bacharel em Ciências biológicas – microbiologia, mestre em Ciências pela UFMG e pós-graduada em neurociências aplicada à educação e psicanálise, tiram as maiores dúvidas dos pais.
Muitos pais se questionam sobre a quantidade da dose infantil, Herbert explica que, da mesma forma que outros remédios, como antibióticos tem uma diferente dosagem para crianças e adultos, a vacina também precisa ser ajustada. “A maioria das medicações para criança é por peso, então normalmente a gente vai diminuir a dose porque não é a dose padrão de adultos. Para a vacinação de crianças o que foi estudado é que de fato, é que a dose necessária para induzir imunidade é uma dose menor do que a de adultos.”
Cristina Bello destaca eventos que ocorreram no início da aplicação das vacinas nas crianças, como erros nas administrações das doses, crianças que acabaram tomando doses destinadas a adultos. Porém Herbert ressalta que “Dos casos que foram administrados inadvertidamente a dose de adultos em crianças, não houve nenhuma morte relacionada e nem nenhum evento adverso grave.”
Outra grande preocupação dos responsáveis são os possíveis efeitos colaterais da vacina. O mestre em Ciências da Saúde tranquiliza os pais, afirmando que “Os dados científicos mostram que não tivemos nenhuma morte relacionada a vacinas. Todos os efeitos adversos relacionados, são efeitos colaterais locais, como dor no braço, febre. Coisas que já observamos em outras vacinas e em outras medicações.”
“Quando temos um estudo clínico, já sabemos quais são os efeitos adversos que podemos esperar, e o que a gente tem observado é que temos, em grande parte, apenas efeitos adversos locais. Tem casos de miocardite relacionado, mas comparadas as chances de ter miocardite pelo covid e pela vacina, a chance de miocardite por covid é vinte vezes maior”, acrescenta.
A professora Cristina Bello ainda ressalta os absurdos construídos pelas fake news “como a alteração do material genético humano. O temor dos efeitos colaterais passa muito por todas as fake news que já foram disseminadas.”, ela explica que “Grandes partes das reações adversas refletem uma resposta do sistema imunológico. Por que deu febre? Porque o organismo está reagindo a proteína do vírus, o corpo já está começando a criar uma resposta a presença do vírus, então se ele tiver um contato com um número maior de partículas virais o organismo dele já estará preparado para reagir mais rapidamente a essa presença.”
Os professores afirmam que vacinar as crianças é uma prioridade, uma vez que a vacina é a única forma de evitar a morte infantil por covid. Herbert explica que “Nada que seja usado como estratégia de saúde vai chegar até a população sem ter passado por estudos.” Ele ainda fala que a vacinação é um ato de proteção “é fazer com que o nosso organismo tenha imunidade pra algum agente, seja ele sarampo, gripe, covid…”
A mestra em Ciências faz um apelo: “A vacinação é uma proteção coletiva e não apenas individual, porque a criança também transmite o vírus. Então, quando você tem uma população de crianças enorme, como no Brasil, quando vacinamos essa população diminuímos a carga viral circulante. Você não protege apenas o vacinado, mas também a coletividade, porque com a vacinação, você diminui a circulação do vírus e diminui a probabilidade de mutação.”
Essa matéria é uma parceria com o projeto de extensão “COVID 19: informação científica, desmistificação de fake news, incentivo a vacinação e promoção à saúde” da Faculdade de Medicina de Barbacena.