Uma redação que vale ouro
São-joanense se destaca em Olimpíada de Português e garante lugar no pódio
“É raiar do dia. O nosso despertar traz o cheiro de café e a batida rotineira dos sinos. (…) Quem aqui nasce e cresce, aprende desde cedo o seu linguajar. É um saber de todos nós, passado de geração para geração, como receita de pão de queijo”. Foi assim que começou a redação da aluna Beatriz, de São João del-Rei, classificada para disputar a etapa nacional da Olimpíada da Língua Portuguesa.
Desde criança, Beatriz Silva Araújo Sales, já sentia afinidade com a escrita. Era influenciada, principalmente por sua mãe e irmã, que incentivava a prática diária antes de dormir. Quando alcançava a pré-adolescência, aos 10 anos, e os questionamentos do dia a dia se tornavam cada vez mais presentes, a jovem também se dedicou a um diário, que manteve como confidente fiel durante oito meses.
“Para mim, a escrita é essencial. Gosto de praticá-la porque eu consigo colocar no papel minhas sensações, sejam boas ou ruins, e isso, talvez, seja a coisa mais importante em relação ao bem estar com meu interior, com minha alma”, conta. Dedicada, Beatriz ainda confirma que sua habilidade com a escrita é uma continuação do apego com os hábitos de leitura que manteve ao longo da vida.
Atualmente, aos 14 anos, a aluna da Escola Estadual João dos Santos comemora sua segunda participação na Olimpíada de Português. “Em 2014 participei na categoria Memórias e me classifiquei dentro da Escola e de São João, porém não cheguei a passar da fase Estadual. Por sempre ter tido facilidade na disciplina, hoje é a minha favorita”, esclarece.
Com viagem marcada para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Beatriz já consegue sentir o peso da medalha que carregará no pescoço, a dúvida que ainda existe é em relação ao lugar do pódio que irá subir, depois de uma maratona de classificações. “Em tese, já sou bronze, agora disputo a prata ou o ouro. Na escola, a etapa classificatória aconteceu dia 15 de agosto, a municipal no início de setembro e a Estadual em outubro”, ressalta.
Nesta edição a Olimpíada contou com o tema “O lugar onde eu vivo”. Famosa como a cidade onde os sinos falam, Beatriz se apropriou da idéia para exaltar a identidade de sua terra natal. “Fiz uma crônica e falei sobre a Linguagem dos Sinos, homenageando São João e também porque acho isso incrível”, conclui.
Quem reconhece o esforço da adolescente é sua professora de português, Cristina Célia Trindade. “A Beatriz, além de muito responsável, interessada, inteligente e educada, já demonstrava, desde o início do ano ter o dom da escrita, precisando apenas ser lapidada”, enfatiza. Sobre a Olimpíada, Cristina ainda enaltece sua satisfação com o resultado: “essa é a coroação do meu trabalho, o que faz com que lecionar seja algo tão especial”.
Olimpíada
Na 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, todos os estados aderiram, totalizando 87% dos municípios do país. Em Minas Gerais, a adesão foi feita em 853 cidades, mais de 16 mil inscritos em todas as categorias do concurso (artigo de opinião, crônica, memórias literárias e poema), sendo mais de 3 mil instituições de ensino com mais de 7 mil professores da disciplina.
Segundo a superintendente municipal de ensino, Maria de Fátima Vale, todos os anos alunos do estado se classificam para as Olimpíadas, tanto de matemática, como a de português, que ainda não é tão conhecida. Ainda de acordo com a superintendente, tais conquistas só trazem benefício para a cidade.
Ainda de acordo com Maria de Fátima, os resultados colocam a cidade de São João del-Rei em um patamar alto, ressaltando a qualidade do ensino.“E, é através desse conhecimento, que valorizamos a prática da leitura e escrita e quebramos o tabu a cerca do hábito do brasileiro em não ler. Além de valorizar nossos profissionais que tanto se dedicam pelos alunos”, enfatiza.
TEXTO/VAN: Ana Carolina Gomes