O Diretório Central dos Estudantes (DCE) realizou, na última quinta-feira (27), um debate sobre questões envolvendo os trotes universitários. Em parceria com a Reitoria da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), a campanha “Nem todo trote é brincadeira” visa conscientizar os estudantes – ingressantes e veteranos – dos constrangimentos causados por certos tipos de trote. 

O projeto busca também uma forma diferente de promover a integração entre os alunos. A discussão teve início com as falas dos convidados e, em um segundo momento, o público pôde fazer perguntas.  
A mesa foi composta por representantes de seis instituições: Geunice Scola, diretora da Divisão de 
Assistência e Ações Afirmativas (PROAE-UFSJ); Rodrigo Ribeiro, presidente da UMES; Capitão Tavares, da  Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG); Inara Rodrigues, integrante do DCE; Fernando Cintra, presidente das Repúblicas Universitárias Associadas (RUA); Eduardo Vieira, vice-presidente da RUA e 
Jonathan Alves, coordenador da Articulação Comunitária da prefeitura de SJDR. 

Fernando Cintra, presidente da RUA, acredita que “é importante a gente saber diferenciar o trote humilhante do trote interativo, e ouvir os calouros para saber o que eles acham dessa prática”. Inara Rodrigues diz que é preciso que os alunos pensem de uma forma crítica sobre o assunto, analisando até que ponto o trote é uma brincadeira. “Existem situações em que ele é agressivo. A gente não quer que isso se generalize”, explica. 

A conversa acerca dos trotes universitários é antiga, mas ainda buscam-se novas maneiras de conscientização. “Eu acho que já passou da hora de a gente desenvolver uma outra forma de pensar em relação ao que se chama de trote”, opina Geunice Scola, Diretora da Divisão de Assistência e Ações Afirmativas.  

Ela ainda ressalta que a entrada em uma universidade precisa ser comemorada, mas que existem maneiras diferentes de se vivenciar esse momento. “Fazer com que o aluno se sinta de fato acolhido e não constrangido na sua entrada para o espaço universitário. Se antes o trote era algo válido, hoje eu acho que toda a sociedade está se questionando”, afirma. 

O representante secundarista Rodrigo Ribeiro, presidente da UMES, acredita que “o trote é visto como um processo necessário de inclusão, mas talvez fique difícil discutir com os calouros se eles acham o trote abusivo ou não. Às vezes, eles não se sentem confortáveis para falar que aquilo é abusivo, por medo de sofrer retaliações”. 

De acordo com o Capitão Tavares da Polícia Militar, “todos os constrangimentos aplicados nos trotes estão capitulados no código penal, na lei de contravenção penal, no estatuto da criança e do adolescente, mas todo mundo aceitava essa questão dos trotes. Inclusive quem deveria fiscalizar”. 
Rafaella Dotta, integrante da diretoria do DCE, acompanhou o debate e diz que “precisamos criar uma cultura de diálogo. Nos mostrar abertos para conversar com os poderes da cidade e requerer que façam o mesmo com os estudantes da UFSJ”.  

Ela também conta que “na mesa existiam posições bem diferentes, todas com suas devidas razões. Isso é excelente, para sermos mais tolerantes com os outros lados da questão. Estudantes mostraram que, em alguns momentos, precisam pensar melhor as suas ações, assim como a Polícia Militar”. 

VAN / Marina Ratton; Iolanda Pedrosa; Julia Benatti
Foto: Marina Ratton

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.