Tiradentino movido pela arte
Desenho, fotografia, filosofia. Não exatamente nesta ordem, mas estas são as três áreas de grande interesse do tiradentino Alberto Lopes, de 24 anos, uma pessoa agradável e com um bom gosto indiscutível, o que pode ser notado em seus trabalhos, cheios de beleza e poesia.
Apaixonado por fotografia em preto e branco (P&B), Alberto, que se define como “autodidata”, busca inspiração em trabalhos de fotógrafos como o francês Henri Cartier-Bresson, o húngaro Robert Capa, o brasileiro Sebastião Salgado e o lituano Antanas Sutkus, que ele conheceu ano passado durante o Festival de Artes de Tiradentes.
Outra fonte de inspiração é o cinema europeu, especialmente o francês. Alberto, que diz ser um admirador dos diretores Charles Chaplin, Federico Fellini e Darren Aronofsky, além dos franceses François Truffaut e Jacques Tati, acredita que assistir a filmes faz surgirem novas ideias, além de trazer melhoria à técnica.
Mas o interesse de Alberto não se restringe a fotografia e cinema. Amante da filosofia existencialista, o que podemos observar em suas fotos, ele é um estudioso do filósofo Jean-Paul Sartre. Mas apesar da graduação em filosofia, preferiu dedicar-se à carreira de fotógrafo.
Quando questionado sobre o momento em que surgiu o interesse pelo desenho, o artista é enfático: “quando criança”. Desde muito jovem, mostrou-se talentoso para a arte de desenhar.
O que no início era simplesmente um hobby, em 2008 virou trabalho. Nessa época, foi montada sua primeira exposição de desenhos sobre bandas e personalidades que se destacaram no mundo do rock, dentre os quais Rolling Stones e Elvis Presley.
“Essa foi uma ótima experiência” diz Alberto. Tanto que, em 2010, ele resolveu fazer uma nova exposição, usando como tema personagens de histórias em quadrinhos. Muitos quadros foram vendidos, de modo que foi possível cobrir os gastos, já que nunca teve patrocínio, e ainda sobrou o suficiente para comprar sua primeira câmera, digital compacta. E foi nessa época que seu interesse por fotografia se intensificou.
Em 2011, foi montada sua primeira exposição de fotografia, intitulada Estação das Brumas, uma reunião de imagens feitas em Tiradentes durante o inverno. Parte das fotos podem ser vistas no seu site: www.albertolopesphoto46graus.com.
Esta foi uma experiência tão gratificante que, no mesmo ano, foi feita uma segunda exibição em conjunto com outros quatro artistas. No ano seguinte, foi realizada a exposição Diálogos de Imagens, junto com o fotógrafo Wladimir Loyola.
Além dessas exposições no Cento Cultural Yves Alves, em Tiradentes, Alberto foi selecionado para projeções fotográficas dos dois últimos festivais de fotografia Foto em Pauta, que, há três anos, faz parte do calendário de eventos de Tiradentes.
Mas, por enquanto, nem só de fotografia vive o artista. Alberto atualmente ministra um curso básico de fotografia, criado por ele, trabalha no Projeto de Educação Patrimonial de Tiradentes, patrocinado pelo BNDES e com realização do IHGT (Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes) e é assistente de produção no Centro Cultural Yves Alves.
Afazeres estes que o auxiliam a “fazer contatos”, o que segundo ele, é muito importante para seu trabalho de fotógrafo, ao mesmo tempo em que dificulta sua produção, devido ao curto espaço de tempo que tem para fotografar ou desenhar. Entre outras coisas, no pouco tempo que tem de folga, Alberto gosta de ler, cozinhar, assistir a filmes e ir a exposições, o que de certa forma, o auxilia em sua busca por aperfeiçoamento do seu olhar fotográfico.
Alberto, ainda que realizando atividades diversas, se mostra decidido a manter o ritmo e a qualidade de sua produção. Fruto disso será a sua próxima exposição, Face a Face, prevista para 2014.
VAN / Sílvia Reis
Foto: Silvia Reis