Tiradentes: Cães abandonados é cenário comum em Águas Santas
Texto: Louise Zin
Revisão: Samantha Souza
Em março deste ano, um casal de idosos, residentes do bairro Águas Santas, pertencente à cidade de Tiradentes, Minas Gerais, que resgatava cães abandonados, foi despejado de um imóvel. Aproximadamente 100 cães resgatados ficavam na residência em condições precárias. Porém, o bairro é conhecido por casos de abandonos de animais.
Sandra, moradora do bairro Águas Santas afirma que o local recebe muitos cães abandonados. “Muitos cães que são despejados no meu bairro, doentes, machucados e ainda com perigo de serem atropelados”, afirma.
Bruna, que também reside no bairro, conta que existem muitos casos de abandono nos arredores, em especial, fêmeas, machucadas, com doenças de pele e muito magras. Ela ainda acrescenta que já viu vários animais machucados e com medo de serem abordados por outras pessoas.
A advogada Isabelle Chiaini, uma das responsáveis pela Comissão de Proteção aos Animais de Tiradentes (COMPAT), afirma que está sendo difícil estabelecer um diálogo com a atual administração da cidade. Sobre os idosos que foram despejados da residência, ela explica que a situação é mais grave do que aparenta. É uma questão que está sendo discutida com o Ministério Público, assim os animais serão socorridos de forma que a prefeitura municipal seja imposta com a tutela dos animais, como previsto por lei.
“A COMPAT fez uma denúncia sobre a atuação da prefeitura de Tiradentes. Muito tem que ser revisto no inquérito policial do flagrante do caso águas santas: são quatro laudos veterinários constatando maus tratos aos animais que lá estavam. Oficial de justiça comprovando o fato, uma abordagem que restou um flagrante perfeito pela equipe da Polícia Militar do Meio Ambiente, tudo isso em dezembro de 2020. Logo em fevereiro de 2021 a prefeitura de Tiradentes faz um repasse de R$ 9.000,00 para a investigação do crime, de forma arbitrária, sem justificativa plausível, isso sem dúvida, no mínimo, é visto com maus olhos pela sociedade pagante de impostos e tem que ser analisado pelas autoridades competentes em todas as suas instâncias se necessário.” afirma a advogada.
A prefeitura fez uma postagem em agosto deste ano, imagem que foi repostada pela COMPAT, com as informações de que foram investidos 28 mil reais na causa animal. De acordo com Isabelle, na postagem a prefeitura divulga o repasse para várias ações, porém, apenas a investigação e a castração ocorreram.
“A lei municipal 3.161 de 2.017 prevê em seu artigo segundo programas de castração, doação de ração, de insumos veterinários, auxílios financeiros a protetores entre outras coisas, no entanto, essa continua sendo uma luta da equipe compat, nessa administração ocorreu uma castração no início do ano e NADA MAIS!”, explica.
O cenário dos animais em Tiradentes é muito diverso, dentro da cidade a frequência de abandono é baixa, os cães de rua da cidade são os mesmo a alguns anos, são amigáveis e bem cuidados pelos moradores, de acordo com Ravi, morador de Tiradentes. Porém, em bairros mais afastados do centro turístico da cidade a situação é bem diferente.
Bruna relata que seu cão foi resgatado no bairro Águas Santas e que estava machucado e precisando de cuidados. Os casos de abandonos não melhoraram, a moradora acrescenta que, uma das casas do local, achou necessário colocar uma placa falando: “Abandono é crime”, assim como câmeras de vigilância.
Ravi também complementa “Por parte da prefeitura o suporte costuma ir no máximo às campanhas de vacinação, Até onde sei a maior parte do suporte vem da COMPAT, a Comissão de Proteção aos Animais de Tiradentes, organização que trabalha de forma independente à prefeitura e que toma parte em fiscalizar, denunciar e facilitar o resgate ou tratamento de animais aqui na cidade.”.
Em notas liberadas para o site BHAZ, a Prefeitura de Tiradentes afirma que em conjunto com a COMPAT, tentará resolver o problema e construir um canil na cidade, porém, quando questionada sobre a nota, Isabelle afirma que a desconhece. A repórter fez tentativas de comunicação com o Superintende de Meio Ambiente e Prefeitura da cidade, porém não obteve nenhuma resposta.