Tempo, homenagem e emoção
27ª Mostra de Cinema de Tiradentes: Uma Fusão Cinematográfica e Musical que Reflete Tempo, Memória e Homenageia Talentos
Por Bruno Nézio
Refletindo sobre tempo, memória e história, foi aberta a 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Na noite de sexta-feira, 19 de janeiro, música e cinema mostraram a essência de um evento que se propõe plural. Na tradicional cine-tenda, dezenas de pessoas prestigiaram os homenageados, o diretor André Novais e a atriz Bárbara Colen, além de performances artísticas.
Com uma performance musical, a Sociedade Orquestra e Banda Ramalho, grupo tradicional da cidade, recepcionou o público com a apresentação de músicas. No ambiente montado especialmente para o evento, a estrutura contém uma linha do tempo da trajetória dos celebrados.
Já dentro do cinema, uma performance audiovisual dirigida por Chico de Paula retratou bem a temática, utilizando músicas, regidas e interpretadas, que falam sobre o tempo. Uma homenagem para Minas Gerais e Tiradentes, que estava fazendo aniversário de 306 anos, foram pontos de destaque, com um parabéns coletivo cantado à cidade.
A abertura oficial comandada por Raquel Hallak, produtora, contou com diversas personalidades públicas que fizeram discursos exaltando o evento e a importância para o cenário brasileiro. “A Mostra de Cinema de Tiradentes é um exemplo de culturalizar a democracia brasileira” afirmou Joelma Gonzaga, secretária de audiovisual que também se emocionou e declarou aberto o ano para o cinema brasileiro. Velha conhecida de André Novais, já tendo produzido projetos anteriores do artista, Gonzaga falou da relevância do mesmo e como sua sensibilidade é importante para um cinema negro e periférico, por muito ignorado na cadeia de distribuição nacional.
Os troféus Barroco foram entregues para Novais e Bárbara Colen, que se emocionaram em seus discursos, relembrando suas trajetórias e agradecendo familiares, companheiros e amigos. “Eu acho que essa homenagem é um pouco para firmar esse lugar, esse lugar que não é só meu de dizer, eu estou aqui hoje e o que eu faço tem valor, não só pelos passos que eu dei, mas pelos passos que minha mãe deu, pelos passos que minha vó deu, pelos passos que minhas bisavós deram”, afirmou a atriz emocionada em seu agradecimento.
Já no momento mais esperado, o público teve o prazer de assistir dois médias metragens dirigidos por André Novais. O primeiro, “Roubar um Plano”, em parceria com o cineasta paulista Lincoln Péricles, e o segundo “Quando Aqui” , um curta feito em tempo recorde – menos de 1 mês – produzido especialmente para a mostra.
Em ambos nota-se a leveza e a beleza sempre imposta pela câmera de André, mesmo em território menos pessoal (São Paulo) quanto para o lugar mais identificável em sua filmografia, sua casa de infância. Em “Quando Aqui”, o diretor traz um panorama histórico de um único local, homenageando sua filmografia e utilizando de uma montagem criativa, seu carinho e respeito perpassam os séculos para compor um mosaico de um Brasil e uma cidade (Contagem) que só um cineasta tão identificável e único seria capaz de produzir.
Para encerrar a noite, o grupo Amálgama e o cantor e multi-instrumentista Marcus Viana deixaram o cine-lounge ainda mais animado com suas composições. Um clima de descontração para um evento multi-cultural e que proporciona encontros e discussões fundamentais para o audiovisual brasileiro.