São João del-Rei se prepara para Jubileu do Divino Espírito Santo
Festa tradicional no bairro de Matosinhos terá temática voltada para o Ano Santo da Misericórdia
Conta-se que no século XIV, Santa Isabel, Rainha de Portugal, sonhou com um pedido de Deus para que se constuísse uma Igreja dedicada ao Divino Espírito Santo na cidade de Alenquer. A partir do sonho, milagres aconteceram no local e rapidamente a devoção se propagou, chegando ao Brasil com os colonizadores portugueses. Desde então, festas religiosas são voltadas para a divindade cristã. Em São João del Rei, o tradicional Jubileu do Divino Espírito Santo acontece neste ano entre os dias 4 a 15 de maio, na Paróquia do Santuário Senhor Bom Jesus de Matozinhos com o tema “O Espírito Santo e a Misericórdia de Deus”.
O Vigário do Santuário, Padre Sérgio França, diz que o tema do Jubileu “é voltado para o Ano Santo da Misericórdia, que foi instituído pelo Papa, nada mais justo”. O Papa Francisco instituiu na Igreja em 2016 este Ano Santo Extraordinário a partir da Bula de Proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia), com a proposta de levar os fiés de todo o mundo à conversão, às práticas das obras de misericórdias, e da participação ativa na comunidade.
Este Ano teve início em 8 de dezembro de 2015, data em que se celebra a Assunção de Maria, e termina no dia 20 de novembro, Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. “A participação dos fiéis ao passar dos anos é sempre muito frequente. O povo não só da Paróquia mas também de outras paróquias e de cidades vizinhas, além dos grupos de congado, são muito ativos no Jubileu”, comenta Padre Sérgio.
Membro da Juventude Missionária do Santuário, Lucas Andrade acredita que o protagonista da igreja é o jovem, “sendo assim ele não pode ficar de fora dessa grande solenidade da Igreja”. No Jubileu, o jovem participa ativamente das missas e do Cortejo Imperial, uma caminhada que sai da Igreja de São Francis
co de Assis até o Santuário de Matosinhos um dia antes de Pentecostes, com a imagem de Santo Antônio, o imperador perpétuo da Festa. “Os jovens participam caracterizados de rei, príncipes e princesas, lembrando toda a história dessa antiga festa”, conclui.
A celebração de Pentecostes marca o dia maior das celebrações. Segundo o cristianismo, cinquenta dias após a Páscoa, Deus enviou o Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no Cenáculo, local onde eles ficavam fechados para rezar, em forma de línguas de fogo. As escrituras bíblicas contam que os que estavam ali começaram a falar em diversas líguas, e saíram para pregar o Evangelho de Cristo cheios de coragem e fé. Dessa forma, a Festa não tem data fixa, dependendo de quando será celebrada a Páscoa.
Raízes históricas
O membro do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de São João del Rei, José Antônio de Ávila Sacramento, conta que possivelmente em 1774 a Festa do Divino era parte integrante da Festa do Senhor de Matosinhos. Ressalta ainda a importância de relembrar que no ano de 1783, o Papa Pio VI, em Breve Pontifício, já concedia indulgência plenária aos fiéis que no Dia de Pentecostes, confessasse e comungasse visitando a Igreja de Nosso Senhor Bom Jesus de Matosinhos da cidade de São João del-Rei, então diocese de Mariana-MG. “Então as raízes são históricas: note que num país descoberto em 1500, com São João del-Rei surgindo como Arraial em 17/04/1705 e como Vila em 1713, a Festa ou o Império do Divino daqui já era reconhecida formalmente pelo Papa em 1783!”, completa.
TEXTO/VAN: Emanuel Reis