Ruas de Nazareno são tomadas por carreiros e tradição mineira
Evento resgata as raízes da mineiridade
Nazareno ganhou ares do bucolismo característico da Minas Gerais do passado, no último domingo. Aproximadamente 35 carros de boi, de várias cidades da região, se reuniram no Parque de Exposição José Vespasiano de Abreu.
Após o trajeto do carros pelas ruas principais, foi realizada missa sertaneja e campal, em frente à Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da cidade. A celebração foi presidida pelo Padre Saulo José Alves e contou com a participação do Coral da Boa Vista e Sanfoneiro de Conceição da Barra de Minas.
A cantiga das rodas dos carros despertaram a atenção da população ao passar pelas ruas da cidade. As novas gerações, as crianças e os adolescentes tiveram a oportunidade de ter contato com uma antiga tradição. “É de muita utilidade para região o Encontro de Carros de Boi, porque o povo novo vê o que aconteceu antigamente. Em poucos lugares é que essa tradição ainda existe”, avalia o carreiro Nilson Carvalho, natural de Conceição da Barra, que participou pela segunda vez do encontro em Nazareno .
Nilson lida com os carros de boi desde os 7 anos de idade. E conta que já participou de encontros em várias cidades como São Tiago, Macuco de Minas, Tiradentes, Morro Grande, Cajuru e São Sebastião da Vitória.
Deslocar-se de uma cidade a outra para participar dos eventos exige trabalho, entretanto, a distância não parece ser problema para o carreiro. “A gente traz de caminhão os carros de boi. Mas o esforço vale a pena. Compensa tudo isso, pela alegria que a gente sente. É um ano de vida que eu ganho a mais”, conta.
A cidade de Oliveira fica a 97km de Nazareno. Mas a família e os amigos de Adriano Ramos de Oliveira não deixaram que a distância fosse motivo de impedimento para participar da segunda edição do Encontro em Nazareno. “É um processo difícil, a gente precisa de dois caminhões. Vem um pra trazer os carros de boi. E vem um pra trazer os bois. É cansativo, mas a gente gosta”.
Parte do público aproveitou para dar um passeio no carro, matando a saudade do costume e rememorando o tempo em que o asfalto não era realidade em Nazareno. Patrícia Natalina, de Macuquinho, conta que a modernidade nos trouxe novas possibilidades. “Por causa do uso do maquinário, poucas pessoas lidam com os carros de boi. O povo prefere o que é mais prático”, enfatiza.
Para Flávio Silva, técnico de enfermagem, nazarenense, é bom estar revivendo uma tradição que marcou sua infância. “É ver a evolução dos dias de hoje e, mesmo assim, não perder as raízes”, comenta.
TEXTO/VAN: Thais Andressa/ Tatiana Maria
Fotos: Thais Andressa
Tatiana Maria