Racismo na Segundona do Mineiro
Jogador da equipe do Figueirense, Adriano, teria sido chamado de macaco durante a partida de ontem
Imagine a situação na qual você está em seu emprego tentando fazer o seu melhor profissionalmente. De repente, chegam duas palavras ao seus ouvidos: “crioulo” e “macaco”; ditas, devido ao fato de você ser negro. Foi com essas ofensas que o lateral-esquerdo Adriano, jogador da equipe do Figueirense de São João del-Rei atuou durante todo o segundo tempo na partida do último domingo. “Se soubessem o quanto dói, não fariam isso. Fiquei muito abalado e triste”, lamentou o são-joanense Adriano.
Deixando, em partes, as polêmicas de lado, o Figueira deixou escapar pontos que podem fazer a diferença no final da competição. O Alvinegro saiu na frente com o artilheiro Felipe Capixaba de cabeça, mas acabou levando a virada por 2 a 1, mesmo jogando boa parte do segundo tempo com um homem a mais. A partida foi válida pela 5ª rodada do hexagonal final da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Com a derrota no estádio Juca Pedro, na cidade de Formiga, o Tigre do Bom Pastor ficou há 4 pontos do segundo colocado.
Racismo no Juca Pedro
Segundo Adriano, aos 44 minutos da primeira etapa, ele foi cobrar um lateral perto da torcida quando ouviu as injúrias raciais. O quarto árbitro foi avisado pelo próprio jogador, porém ignorou o fato. De acordo com o atleta, ele então avisou o árbitro principal, que parou a partida imediatamente, até que o “torcedor” fosse retirado do estádio, deixando claro que não foi a instituição Formiga Esporte Clube e nem sua torcida. Adriano ainda destacou que os atletas do Formiga o apoiaram até o final do jogo.
Muito se falaram nas redes sociais, fato é que ninguém sabe ou não quis dizer o nome do infrator. Já pessoas ligadas a cúpula Alvinegra iriam entrar com todas as medidas cabíveis na FMF (Federação Mineira de Futebol).
O treinador Luis Henrique Arantes disse que o fato está relatado na súmula oficial da partida e, que, alguém terá que pagar por isso: “Essas coisas não podem mais acontecer no futebol brasileiro” frisou.
“Eu espero que as autoridades, Polícia Militar e Federação Mineira de Futebol façam seu papel para que isso vá diminuindo. Eu realmente tenho pena desse rapaz e das pessoas que tenham o mesmo pensamento”, comentou o lateral esquerdo Adriano.
Na página oficial da equipe do bairro Bom Pastor no Facebook, as mensagens de apoio ao atleta vieram de várias partes do Brasil por causa do ocorrido. O clube disse esperar medidas mais enérgicas dos órgãos competentes.
CASO ARANHA
No final do mês de agosto do ano passado, o goleiro Aranha foi chamado de “macaco” por torcedores gremistas, no Rio Grande do Sul. O caso ganhou repercussão nacional e os gaúchos foram eliminados da competição. O racismo na Segundona do Mineiro seria analisado de forma diferente dos times grandes do Brasil?
TEXTO/VAN: DIEGO CABRAL
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ ASSESSORIA DE IMPRENSA – FIGUEIRENSE ESPORTE CLUBE