Prêmios e filmes produzidos por oficinas fecham a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Último dia do evento também anunciou os grandes vencedores dessa edição
A 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes chegou ao fim neste sábado (30). Além da exibição de filmes, da realização de debates/seminários e apresentações artísticas, o último dia de evento premiou os melhores filmes exibidos na mostra e reproduziu os curtas desenvolvidos pelos alunos das oficinas oferecidas gratuitamente pelo evento, que receberam certificados de participação e, em grande maioria, tiveram o primeiro contato com a produção audiovisual.
É o caso de Maria Vargas, de 11 anos, que participou da oficina “Jovem repórter”, cuja proposta é oferecer experiência em vídeo e reportagem para jovens interessados pelo mundo do jornalismo: “Escolhi essa oficina por ser um tema bem interessante, é uma coisa bem atual e está ligada ao entretenimento. Foi um pouco diferente do que imaginava, a gente teve que colocar em prática a teoria aprendida e é preciso improvisar muito”.
E esse foi o principal objetivo da oficina, segundo o instrutor Marcelo de Castro Cavalieri: “Eles precisam estar sempre antenados com o que acontece à sua volta e estar sempre preparados para pegar um fato, uma notícia, um depoimento ou um acontecimento, com o celular ou equipamento que estiver disponível”.
Diversas produções foram exibidas durante o dia, com destaque para “Ralé”, de Helena Ignez, que conta com a presença do ator e cantor Ney Matogrosso e aborda os direitos das minorias, liberdade sexual e questões existenciais sob o pano de fundo de uma seita situada na Amazônia.
Destaque também para “Introdução à Música do Sangue”, do diretor Luiz Carlos Lacerda, gravado em Leopoldina, cidade da Zona da Mata mineira. O filme retrata uma família da zona rural, com a figura de um patriarca autoritário (Ney Latorraca), que impede a instalação de energia elétrica em casa, para desespero da mãe (Bete Mendes) e tem uma história tratada como “tabu” sobre o nascimento da filha (Greta Antoine).
Baseado num argumento do escritor Lúcio Cardoso, o filme mescla peculiaridades da vida rural ao retratar a cozinha com fogão de lenha, a falta da energia elétrica e as plantações e criações de animais, com uma zona urbana já desenvolvida e que ressalta a disparidade do “viver no campo” e na cidade.
Para Lacerda, “isso faz parte da cultura, não só mineira, mas também brasileira”. Por mais que a contemporaneidade permita novos hábitos, “o café feito no coador, o fogão de lenha, permanecem muito presentes pelo brasil afora”.
Fora das salas de cinema, o teatro de rua “O Sonho de uma noite de verão” da Cia Academia percorreu várias ruas da cidade e animou os visitantes a conhecerem mais da cidade a pé. Além disso, a Mostra exibiu filmes na praça, tais como o curta “Memórias de um abrigo” e o longa “Invasores”.
À noite, os melhores filmes exibidos durante a mostra foram premiados. Divididos entre a opinião do júri popular, do júri jovem (composto por estudantes universitários de 18 a 25 anos) e o júri da crítica, longas e curtas receberam, além do troféu de uma das mostras de cinema mais prestigiadas do país, prêmios em dinheiro e serviços de produção, iluminação, maquinário, mixagem e finalização para futuras obras. Para conferir os vencedores e seus respectivos prêmios, clique aqui.
TEXTO/VAN: ANDRÉ LAMOUNIER