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O prédio é silencioso e tranquilo onde tudo faz música: a vassoura que tira os ciscos do chão parece mergulhada em uma sinfonia própria e muito envolvente. O rapaz dá bom dia e tem como resposta uma pequena canção que diz o mesmo e passa ainda mais alegria. O lugar tão musical que é o local de trabalho de Mariana Rennó Jelen não poderia ser mais propício à mente criativa e transformadora que é abrigada por um corpinho magro e miúdo que em uma primeira olhada parece frágil, mas que, de fato, não o é.

Mariana é de São Paulo capital e desde a escola aprendeu a ser multitarefas. Os pais incentivavam a ela e ao irmão que fizessem, além das matérias regulares, um esporte e um instrumento musical. E foi à arte que ela decidiu se dedicar. Do popular violino para a discreta viola, Mariana não poderia ter escolhido instrumento mais próximo à sua personalidade. Segundo ela, a viola é um instrumento que está sempre ali e não gosta muito de aparecer, mas que se tirar, você percebe algo que está fazendo falta no mundo de cordas que é a orquestra.

Mas o mundo de cordas regidas por Mariana, além das da Universidade Federal de São João del-Rei onde trabalha, começou a ser também a de meninos e meninas que compõem a recém formada Orquestra no Bairro de Matosinhos: os instrumentos são recém-chegados e a Orquestra é abrigada pela Paróquia do bairro. Os meninos e meninas que a compõem nunca tiveram antes nenhum contato com instrumentos, mas talvez tivessem contato com muitas outras coisas que os pudesse ocupar o tempo. Um tempo que deverá,agora, ser de dedicação exaustiva ao estudo do instrumento e o resultado serão alguns segundos de música e os aplausos do público que há de ir.

Ela não sabe explicar o que os move, mas, há algo que os impulsiona a caminhar sob o sol, ter contato com o instrumento uma vez por semana e não poder levá-lo para casa. Há algo, deve haver. Talvez seja pelo que ela mesma diz: são seres musicais.

São tantos os ambientes musicais que envolvem Mariana que ela afirma não haver uma separação entre a profissão e a vida e, por mais estranho que possa parecer, segundo ela, não sobra tempo para ligar o rádio e ouvir música. Portanto ela não faz críticas a quaisquer tipos de música,o que era de se esperar da moça que fala baixo e possui quadrinhos perfeitamente alinhados na parede de sua sala.

Texto: Ana Clara Abreu e Ana Luísa Almeida

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