Moradores são contra proibição de aterro de entulhos
Moradores que vivem ao lado de um depósito de entulhos que fica entre os bairros Vila Murad e 14 de Agosto, em Lavras, dizem ser contra a atitude da prefeitura de proibir o aterro de entulhos de construção, que é feito em uma voçoroca entre os dois locais.
De acordo com José Augusto de Áraujo, conhecido por “baiano” e que vive há 25 anos no bairro 14 de Agosto, antes da empresa fazer o depósito ali, a situação era muito pior, pois eram encontradas muitas cobras, escorpiões, ratos, baratas próximos a sua residência. “Sempre que chovia, as casas ficavam em estado de emergência, quase caindo. Agora, depois que a empresa começou a fazer o aterro próximo as casas, elas ficaram mais firmes e o local um pouco mais livre de animais peçonhentos” relata.
Maria do Carmo, moradora do bairro Vila Murad e presidente da Associação dos moradores, conta que sua casa e a de seus vizinhos viviam em estado de emergência. “Há quatro anos fui buscar ajuda na prefeitura para que não perdêssemos nossas residências devido as condições precárias. O que eles disseram é que a única coisa que poderia ser oferecido era uma lona plástica”, declara a moradora.
Revoltada com a situação, Maria do Carmo procurou as construtoras da cidade para que fizessem o aterro de terras e entulhos de construção para ajudar a segurar as casas, o que, segundo ela, fez com que a situação melhorasse muito desde então. “Ainda podem ser vistas muitas rachaduras no chão e nas paredes, o que pode causar desabamento caso haja uma chuva muito forte” analisa a moradora, que completa: “O aterro era a única solução. Estamos bem desde que o mesmo foi instalado, apesar de ela acreditar que se a prefeitura realmente vier a proibir e cercar o local, com o passar do tempo, possíveis desabamentos podem vir a ocorrer, a menos que seja feito um reforço na estrutura do local” finaliza.
Segundo Camila Silva Franco, engenheira ambiental e chefe do departamento de política ambiental e resíduos sólidos de Lavras, os moradores foram alertados sobre os riscos de deposição de entulhos associados ao lixo orgânico sem um projeto técnico de engenharia para aterramento. “Existe uma legislação federal que proíbe a deposição de entulhos em voçorocas e áreas de proteção ambiental. O que ocorre ali são anos de um “bota fora” operado de forma inadequada” analisa.
A engenheira ambiental acrescenta que não houve nenhuma mobilização oficial dos moradores neste ano e que nesse período de quatro anos muita coisa mudou. “Se os moradores tivessem procurado a prefeitura pessoalmente para pedir uma ajuda ou um esclarecimento, ela faria o que estivesse no alcance, pois este é o trabalho deles” observa.
Camila explica que mesmo que o aterramento segure as casas durante um tempo, esta não é esta a solução, já que o aterro não foi elaborado de forma correta. “A prefeitura não pode fazer obras no local, pois iria estar agindo contra a Lei Federal que proíbe obras e aterros em voçorocas e áreas de preservação ambiental. Os moradores não poderiam estar morando em uma área de risco como aquela. Aconselho os moradores a buscar uma assistência social e fazer o cadastro no programa “ Minha casa, minha vida”, pois como moradores de área de risco, eles tem a total preferência para conseguirem uma casa” finaliza.
Para Rubem Teixeira, funcionário da empresa Construtec, eles não são responsáveis pelo lixo orgânico que é jogado no local e nem pelas queimadas, relatando que a empresa cercou a área e colocou placas para evitar que isso acontecesse. “Infelizmente tem pessoas, muitas vezes os próprios moradores próximos ao local, que não tem consciência e misturam outros tipos de lixo ao entulho e colocam fogo, o que gera incômodo para os outros moradores que ficam respirando uma fumaça tóxica, perigosa para a saúde” afirma Rubem.
Foi realizada na prefeitura de Lavras uma reunião entre a Secretaria de Meio Ambiente e algumas empresas construtoras de Lavras, na qual foi decidido que a partir do dia 16 de setembro fica proibido qualquer tipo de depósito de lixo ou entulhos nessa área, que será cercada. E quem, ainda sim cometer o depósito, seja morador ou empresa, será multado pela secretaria.
VAN/Talita
Sthefani
Foto:Talita
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