“Kujan e os meninos sabidos“: Livro do indígena Ailton Krenak é adotado em escola pública de São João del-Rei
Por Ana Julia Barbosa
Na Escola Estadual Tomé Portes del-Rei, os alunos do 5º ano participam de aulas de Filosofia oferecidas por estudantes da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que fazem parte do Laboratório de Educação em Filosofia (LAFIL). Essas aulas visam promover a compreensão de temas relacionados à raça, etnia e diversidade cultural, empregando abordagens lúdicas e atividades recreativas para facilitar o aprendizado.
Nas últimas aulas, o livro “Kujan e os meninos sabidos” foi trabalhado com as crianças. Na história, o Criador, após passar um tempo na Terra cantando e dançando, decide ir embora para o paraíso. Depois de algum tempo, Deus decide voltar à Terra para observar de perto seus filhos, e para isso, disfarça-se de Kuján, ou seja, um tamanduá. Quando chega a uma aldeia, os indígenas o capturam e comemoram a captura do animal, que seria uma boa caça para um banquete.
Na aldeia, dois meninos, Roti e Cati, percebem que aquele tamanduá não é um animal qualquer, mas sim o seu Criador. Para libertá-lo, as crianças ateiam fogo a uma oca, distraindo todos e permitindo que soltem o Kuján. No final, eles perguntam ao Criador o que ele achou de sua criação e como tudo estava indo. O Criador responde que está “mais ou menos”.
Em sala de aula, os alunos do 5º ano ouviram a história com atenção e tiveram a oportunidade de refletir e escrever perguntas filosóficas. Assim, discutiram detalhes da história, como: Por que um tamanduá? O que aconteceu com as crianças depois? E se isso acontecesse atualmente? Por que só as crianças podiam ver que aquele animal era o Criador?
Juntas, as crianças foram elaborando respostas e argumentando sobre cada dúvida que surgiu em sala de aula. As aulas de filosofia oferecem a esses jovens a oportunidade de aprender a argumentar e a conhecer mais sobre a cultura indígena, que desperta muita curiosidade neles.