Inverno Cultural UFSJ 2017: a produção do belo por um outro olhar
As atrações do maior evento da Universidade Federal de São João del-Rei encantam por sua diversidade e valor cultural porém o processo de realização do evento e das apresentações é muito trabalhoso
O Inverno Cultural UFSJ 2017 teve sua cerimônia de abertura hoje, dia 22, com o cortejo que marca o início desta edição. Com o tema “Universidade, Arte e Resistência: A Cultura como bem comum”, o festival procura desenvolver na cidade de São João del-Rei todo um aparato cultural. Acontecendo entre os dias 22 e 31 de julho, passarão pelo município peças teatrais, literatura, música, dança e poesia. Tudo foi feito e programado para que a edição acontecesse perfeitamente para agradar ao público. Porém, para que tudo ocorra bem é necessário muito planejamento e trabalho.
O que acontece nos bastidores e atrás das cortinas de eventos com a dimensão que possui o Inverno Cultural é escondido pela beleza que é apresentada. O projeto da próxima edição começa assim quando uma é encerrada, sendo assim, um processo contínuo. Outra dificuldade é na montagem de aparato de conteúdo que possam agregar na vida dos cidadãos. Com base nisso, esse ano conta com mais de 300 atrações e 55 oficinas que foram disponibilizadas.
O coordenador da área de literatura, Jairo Faria, comenta que o evento demanda bastante tempo e que é um processo demorado que dura em torno de um ano “as pessoas veem os resultados e não imaginam a quantidade de tempo, reuniões, ideias e trabalhos de organização”, diz. Faria acrescenta que apesar de bastante trabalho desenvolve-se muita amizade com ricos encontros humanos que contagiam a realização da festividade.
Ivan Vasconcelos, coordenador geral, explica “esse ano nós contamos com 20% de recursos que o evento já teve, assim, nós trabalharemos o fortalecimento da própria cena artística local” Vasconcelos, acrescenta ainda que haverá reinvestimento de parte dos recursos do evento na criação e manutenção de grupos artísticos da cidade. Esses projetos acontecem em área de maior vulnerabilidade como os bairros Tijuco, Senhor dos Montes e Matozinhos.
Outra iniciativa é a promoção da descentralização da festividade tornando-a mais presente para os moradores da cidade. Para isso, como entende Vasconcelos, é necessário ir até onde essas pessoas estão. Em conformidade com isso, nesse ano acontece a mudança do tradicional palco para a praça do Bom Jesus de Matozinhos.
Diante da escassez de recursos, os organizadores tiveram de se reinventar procurando alternativas mais baratas mas sem perder a ideologia. Assim sendo, as grandes atrações chegam no regime de cooperação, não sendo remunerado pelo evento, mas sim financiado por outros editais. Exemplo disso, é a banda Tianastácia, bancados por rede incentivo, tocando gratuitamente.
O artista de rua e palhaço, John Herbert, que se apresentou durante o cortejo e tem outra programada para a quarta-feira, revela a importância da ocupação do espaço público. Ele comenta também que o evento ajuda na questão de dar espaço para seu trabalho como parte artística. A utilização da arte para conscientizar foi outro ponto ressaltado. “A apresentação de quarta foi pensada para dar retorno à população à instruindo sobre o capital no esporte” explica o também professor de teatro.
Os turistas que passam pela cidade e que visitam São João encantam-se com a beleza e o jogo de cores das atrações e apresentações. A aposentada Maria Marta, veio prestigiar o evento pela primeira vez e diz-se encantada com o talento dos artistas. Ela reconhece também o trabalho desenvolvido, “eu achei tudo lindíssimo e imagino o quanto trabalhoso deve ser para todos os envolvidos montarem algo tão bonito”, diz. Maria, que já morou em São João del-Rei, enaltece o valor cultural da cidade e dos artistas, mostrando-se surpresa com a habilidade dos participantes.
O evento está só no início e muitas outras atividades acontecerão ao longo dos nove dias de festival. Ainda há muito a ser revelado pelos bastidores, os trabalhos ainda continuam e a produção deve ser ressaltada. Ademais, a verificação dos processos de entrega ressaltam a atividade artística.
TEXTO/VAN: Felipe Souza
FOTO/VAN: Felipe Souza