Inverno Cultural divide opiniões de comerciantes
A descentralização das atividades do maior projeto de extensão da UFSJ, provocaram discussões antagônicas a respeito do benefício da iniciativa para o comércio local.
Além de democratizar o acesso à cultura, a 29ª edição do Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei, mobiliza comerciantes e donos de hospedagens locais que vislumbram lucros ainda maiores para o período. O cancelamento do festival em 2016 atingiu negativamente setores importantes da economia com destaque para bares e restaurantes da cidade.
Raphael Soares, um dos sócios da Taberna do Omar, bar tradicional de São João del-Rei, destacou o aumento do movimento no estabelecimento neste ano. Afirmando, ainda, ser a melhor temporada em três anos. Todavia, o empresário pontua a dificuldade de associar os turistas que frequentam o restaurante aos que foram atraídos pelo inverno. O funcionário da Taberna, Eduardo Damazo nos conta da percepção que teve na transição do público neste período. “Recebemos muitos turistas e a casa tem ficado sempre cheia, principalmente no período da tarde fora dos horários dos shows do festival”, destaca o garçom. Acrescenta a indagação dos turistas a respeito da programação do evento, sendo notório o interesse.
O período conta com eventual procura por cidades frias com destaque para as férias, mesclando turistas interessados no evento com aqueles que o vivenciaram por acaso. Gerente do Hotel Lenheiros, Joel Dornelas da Silva, lamenta a redução da magnitude do festival em função do corte de verbas previsto para o evento. “Esse ano não está sendo perceptível o aumento da procura no hotel vinculado ao Inverno Cultural, e sim ao fator de alta temporada” destaca o gerente. Nas últimas edições do festival, os hóspedes do estabelecimento prolongavam o tempo de estadia afim de gozar das atrações do evento. Benefício que atingia uma maior parcela do comércio local devido a movimentação nas ruas sanjoanenses.
A transferência de atividades, antes concentradas no centro da cidade para bairros mais afastados como o Matosinhos, faz parte da proposta do evento de abranger uma maior parcela da comunidade local. Raphael comenta a que, ao mesmo tempo que reduziu o movimento em torno do centro histórico, possibilitou uma maior visibilidade para o comércio de bairros afastados. Entretanto, chama atenção do festival para atrações que se mantiveram dentro do setor universitário. “Acredito que determinadas apresentações poderiam ter maior proximidade com a comunidade e os turistas, saindo um pouco de dentro do campus universitário”, critica o empreendedor que vislumbra uma maior democratização da arte. A turista Simone Monteiro, trouxe toda família do Rio de Janeiro para conferir os espetáculos. “Acredito ser uma iniciativa importante pois dos eventos dos quais participei, pude observar a presença dos moradores locais, o que torna mais efetiva a ação da universidade como polo cultural” conta a professora de letras. Além disso, a entrevistada aproveitou a vinda a cidade para apresentar o campus da UFSJ para o filho mais novo.
O evento se despede de mais uma edição neste domingo (30). Honrando objetivos como o acesso à cultura e valorização da arte. Os novos moldes do festival incentivaram a readaptação do público comercial e local, ajustando-se aos poucos a necessidade da cidade. A 30ª edição será aguardada com muita expectativa esperando-se melhorias cada vez maiores para comunidade acadêmica e local.
Texto/VAN: Victoria Souza