Incêndio na serra de São José alerta sobre o perigo das queimadas durante as estiagens
A área de preservação ambiental é uma das mais atingidas da região
Entre o domingo (03) e a segunda-feira (04) desse mês houve um incêndio na Serra de São José, entre Santa Cruz de Minas e Tiradentes. O fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros e pela Brigada de incêndio, sendo completamente extinguido na manhã da segunda-feira, sem danos civis. O ocorrido se enquadra no perfil de incêndio florestal, mas a possibilidade de um incêndio criminoso não foi descartada.
Em plena semana do meio ambiente, calcula-se que a área de preservação ambiental tenha tido entre 5 a 8 hectares devastados, segundo Carlos Eduardo da Silva Braga da Secretaria do Meio Ambiente, embora os cálculos ainda estejam sendo realizados. Carlos aponta também que, embora os incêndios naturais sejam comuns, esse não é o caso mais recorrente na região. “O que houve nesse incêndio particularmente não foi obra do acaso, da natureza. Há indícios de que seja um incêndio provocado por uma pessoa, mas para que se saiba quem é tem que ser feito uma perícia, e isso ainda não foi feito. Pode ser por algum motivo de limpeza de terreno e o incêndio descontrolou, a pessoa não teve condição de controlar.” Os danos ambientais são sempre sérios em regiões como essa. “Além da poluição atmosférica, por causa da fumaça, afeta também a fauna e a flora. Aquela região é uma região de cerrado então tem muitas plantas nativas ali e isso com certeza trouxe um impacto bem negativo para essa região.”
Com a época de estiagens e a chegada do inverno, os índices de queimadas na região aumentam todos os anos. “É muito comum nesse período de julho até outubro acontecerem incêndios em lotes dentro da cidade e na serra, tanto na do Lenheiro quanto na São José” conta o Cabo do Corpo de Bombeiros Cristiano Giovanni dos Reis, que participou dos dois dias de combate. Nos casos das queimadas na Serra, identificar culpados em casos de incêndio criminal torna-se algo complicado. “É muito difícil apontar causas, porque todos os anos a gente passa por essa situação na nossa região. Ouvimos relatos de algumas pessoas mas nunca conseguimos ter uma informação mais precisa, sempre são superficiais.” aponta o cabo.
No ano passado um incêndio de maiores proporções provocado por um funcionário rural da região também ocorreu na Serra de São José, tendo atingido cerca de 100 hectares. “Só conseguimos fazer o combate com o auxílio de aeronaves que jogavam água em certas áreas onde os nossos homens e os homens da Brigada não conseguiam chegar.” conta Cristiano. Vale lembrar que as queimadas para limpeza de terreno não são propriamente proibidas mas exigem uma autorização fornecida pelo IEF ( Instituto Estadual da Fazenda) para que o procedimento seja feito da forma correta.
Outro grupo que lida com os incêndios florestais, mas de forma voluntária, é a Brigada 1, uma organização sem fins lucrativos. Para o grupo, o período das estiagens também é o pior. “Nesses meses principalmente em julho e agosto, tem acionamento praticamente todo dia. Durante esse período todos ficam em estado de alerta.” conta Hélio César de Carvalho, um dos fundadores da Brigada. A equipe também trabalha com a educação ambiental e a conscientização da população.“Organizamos caminhadas ecológicas no parque da serra do Lenheiro onde mostramos as belezas naturais da nossa serra e toda sua riqueza hídrica. Fazemos também o trabalho junto a comunidade do entorno do parque.” conta o Brigadista.
Texto/VAN: Samara Santos
Foto/VAN: Samara Santos