Festival de Artes Vertentes 2015: entre Tiradentes e São Petersburgo
Edição deste ano do Festival, que trouxe como tema o livro russo Crime e Castigo, apresentou ao público aspectos da cultura mundial
Durante os dias 10 e 20 de setembro, Tiradentes nunca esteve tão próxima da cidade russa de São Petersburgo, cenário do livro de Dostoievsky, Crime e Castigo. O romance do autor russo foi tema do Festival Internacional de Artes Vertentes deste ano, que inundou a cidade com discussões acerca das questões escritas no livro, trazendo artistas e turistas de diversas nacionalidades e culturas.
Para Maria Vragova, diretora executiva do Festival, o resultado foi muito positivo: “O evento foi ótimo, foram 11 dias de produção muito intensa. Estamos muito satisfeitos com trabalho”. Vragova já adianta o que vem para a próxima edição: “O trabalho é contínuo e já estamos planejando o ano que vem. Já sabemos que acontecerá entre os dias 15 e 25 de setembro de 2016”. O tema ainda não foi definido.
O Festival explorou os pontos turísticos históricos da cidade, como o Centro Cultural Yves Alves, que além de exposições fotográficas do russo Serguei Maksimishin e do iraniano James-Iroha Uchechukwu, recebeu mostras cinematográficas e concertos musicais. Segundo Luís Firmato, assistente de produção, o Festival também buscou aproveitar o espaço livre, como o Largo das Forras, buscando atingir o público que, a princípio, não se interessaria no evento: “A ideia é de descentralizar, para que se popularize e atinja um público que normalmente não vai aos lugares oficiais, os transeuntes”, afirma ele. Entretanto, na primeira semana, o evento sofreu com o clima chuvoso, o que levou a modificação de locais e horários de algumas apresentações ao ar livre.
Na área de cinema, um dos destaques foi o filme “Raskolnikov” (1923), que leva no título o nome do protagonista do livro tema do evento e é considerado uma das obras-primas do cinema expressionista alemão. Na música, aconteceram concertos diariamente, como o realizado no dia 14, que unia composições do músico alemão Johann Sebastian Bach e de seu filho, Carl Philipp Emanuel Bach.
No Sobrado Quatro Cantos, foram exibidas exposições de artes visuais, como o do artista Camille Kachani chamada “Daquilo que nos escapa”, que trouxe caixas de remédios com nomes de grandes pensadores da história. Além de um dos principais destaque da edição 2015 do Festival, a escultura Quimera, produzida pelos franceses Pascal Marquilly e François Andes durante todo o ano em parceria com a comunidade através da Ação Educativa.
Nas artes cênicas, chamou atenção o espetáculo “O amor é um cachorro que vem do inferno”, concebido através de textos de Charles Bukowsky e George Bataille, com direção do dramaturgo espanhol Javier Cuevas. E a peça musicada “A História do Soldado”, composta em 1917 pelo russo Ígor Stravinski.
O encerramento da quarta edição do Festival aconteceu na Igreja Matriz de Santo Antônio, com concerto de música clássica e leitura solo do poeta Ricardo Domeneck. “O Artes Vertentes vem trazendo à cidade de Tiradentes alguns dos mais destacados artistas em seus campos. Esperamos que a região toda possa se beneficiar deste contato cada vez mais”, comenta Ricardo.
TEXTO/VAN: LUCAS MARANHÃO
FOTOS: PRISCILA NATANY