#EVU – Sobre heróis, Oscar e jornalistas
por Mariane Fonseca*
Digito este texto enquanto o
burburinho de mais uma cerimônia do Oscar começa a ficar mais alto – e o meu
sono pré-segunda-feira avisa que só vou saber os resultados da premiação pela
internet na manhã seguinte mesmo.
burburinho de mais uma cerimônia do Oscar começa a ficar mais alto – e o meu
sono pré-segunda-feira avisa que só vou saber os resultados da premiação pela
internet na manhã seguinte mesmo.
Em meio a isso, um
lampejozinho: não há profissão mais caricata – no cinema – que a de jornalista.
Sério. Primeiro porque existe um maniqueísmo gritante: nas telas ou somos
profissionais invasivos, inescrupulosos, tudo-por-um-furo vestindo terninhos e
saias-lápis; ou heróis que vão desde o fuxiqueiro metido a detetive da Polícia
Civil – em território tupiniquim, digamos – ao misterioso (com carinha de geek)
Clark Kent.
lampejozinho: não há profissão mais caricata – no cinema – que a de jornalista.
Sério. Primeiro porque existe um maniqueísmo gritante: nas telas ou somos
profissionais invasivos, inescrupulosos, tudo-por-um-furo vestindo terninhos e
saias-lápis; ou heróis que vão desde o fuxiqueiro metido a detetive da Polícia
Civil – em território tupiniquim, digamos – ao misterioso (com carinha de geek)
Clark Kent.
A
Dona Aranha escreveu uma manchete… veio a editora e a derrubou
Dona Aranha escreveu uma manchete… veio a editora e a derrubou
Ok, sejamos justos. Na vida
real, mesmo descabelados, com olheiras, unhas quebradas, camisetas surradas e
internet lenta temos lá o nosso charme quase hollywoodiano. E talvez sejamos,
sem o humor, as tiradas ácidas e a paixão por Mary Jane, um pouco Peter Parker.
Sim… o profissional que aceita “freelas”, por vezes lida com editores aos
berros e – jamais perderia a chance de dizer isso – vive pendurado nas teias das
linhas editoriais.
real, mesmo descabelados, com olheiras, unhas quebradas, camisetas surradas e
internet lenta temos lá o nosso charme quase hollywoodiano. E talvez sejamos,
sem o humor, as tiradas ácidas e a paixão por Mary Jane, um pouco Peter Parker.
Sim… o profissional que aceita “freelas”, por vezes lida com editores aos
berros e – jamais perderia a chance de dizer isso – vive pendurado nas teias das
linhas editoriais.
E isso não poderia ficar de
fora na Oficina de Produção Jornalística. Ao longo dos encontros que terminaram
nos textos para o especial Vida
Universitária, muitas foram as brechas e vários foram os desvios até mesmo
da pauta prometida para estudo enquanto nos debruçávamos sobre materiais
recortados de diferentes veículos sobre variados assuntos e sob uma chuva
absoluta de reações – principalmente nas redes sociais.
fora na Oficina de Produção Jornalística. Ao longo dos encontros que terminaram
nos textos para o especial Vida
Universitária, muitas foram as brechas e vários foram os desvios até mesmo
da pauta prometida para estudo enquanto nos debruçávamos sobre materiais
recortados de diferentes veículos sobre variados assuntos e sob uma chuva
absoluta de reações – principalmente nas redes sociais.
O que queríamos? Copiar
formas e estilos? Não. Perceber, nas entrelinhas, posicionamentos
argumentativos, sociais e culturais que se transformavam, em última instância,
em jornalísticos. Aliás… esse processo se faz lá atrás, antes mesmo da
elaboração da pauta.
formas e estilos? Não. Perceber, nas entrelinhas, posicionamentos
argumentativos, sociais e culturais que se transformavam, em última instância,
em jornalísticos. Aliás… esse processo se faz lá atrás, antes mesmo da
elaboração da pauta.
Os posicionamentos são
inerentes, se confundem com o veículo, estão emaranhados na história dele, no
porquê de sua existência e do público que quer angariar. Isso quer dizer,
portanto, que nós jornalistas somos obrigados a (re)aprender a escrever cada
vez que somos contratados para um serviço e aceitamos as implicações dele.
inerentes, se confundem com o veículo, estão emaranhados na história dele, no
porquê de sua existência e do público que quer angariar. Isso quer dizer,
portanto, que nós jornalistas somos obrigados a (re)aprender a escrever cada
vez que somos contratados para um serviço e aceitamos as implicações dele.
Algo ruim? Não.
Definitivamente não. Isso só mostra o quanto essa atividade se reconstrói, se
multiplica e ganha diferentes roupagens. Quem diria, 15 anos atrás, que os
blogs ganhariam a proporção que têm hoje?
Definitivamente não. Isso só mostra o quanto essa atividade se reconstrói, se
multiplica e ganha diferentes roupagens. Quem diria, 15 anos atrás, que os
blogs ganhariam a proporção que têm hoje?
Jornalismo:
ser E não ser
ser E não ser
Antes plataformas online
para postagens pessoais, os “diários online” se transformaram, em pouco tempo,
em estruturas democráticas para produção de conteúdo que saiu das margens e em
muitos casos já se posiciona como fonte oficial de informação. Eles são
capazes, inclusive, de gerar capital.
para postagens pessoais, os “diários online” se transformaram, em pouco tempo,
em estruturas democráticas para produção de conteúdo que saiu das margens e em
muitos casos já se posiciona como fonte oficial de informação. Eles são
capazes, inclusive, de gerar capital.
Por que estou batendo nessa
tecla? Pelo simples fato de que é preciso sim absorver os modelos produtivos e
estilísticos tradicionais. Sim, caro jornalista (nada “futuro”. Você já é um):
leads sempre serão leads e extremamente necessários para a mensagem que chegará
ao seu leitos. Pirâmides são tão essenciais quanto os ossos que sustentam seu
cotovelo próximo ao teclado do computador agora. E acima de tudo: responder às
perguntas do leitor – num clássico exercício de incorporação
espírita-social-jornalística – é primordial.
tecla? Pelo simples fato de que é preciso sim absorver os modelos produtivos e
estilísticos tradicionais. Sim, caro jornalista (nada “futuro”. Você já é um):
leads sempre serão leads e extremamente necessários para a mensagem que chegará
ao seu leitos. Pirâmides são tão essenciais quanto os ossos que sustentam seu
cotovelo próximo ao teclado do computador agora. E acima de tudo: responder às
perguntas do leitor – num clássico exercício de incorporação
espírita-social-jornalística – é primordial.
Mas esses moldes são móveis
e se adaptam a outras questões: suportes veiculares, contextos, linhas editoriais
(sim, de novo) e mesmo o estilo próprio do redator – que obviamente não fica de
fora.
e se adaptam a outras questões: suportes veiculares, contextos, linhas editoriais
(sim, de novo) e mesmo o estilo próprio do redator – que obviamente não fica de
fora.
Como mesclar tudo isso
respeitando sem desonrar Gutenberg? Bom, aceitando as condições do tempo, da
experiência, do dia-a-dia em redações. Ao longo da produção de todo o trabalho
do Vida Universitária, de notebooks
quebrados, Black Fridays desrespeitando
prazos de entrega, atividades de graduação, desencontros, fontes arredias e
pautas transformadas, não foram poucos os debates colocando sob holofotes todas
essas questões.
respeitando sem desonrar Gutenberg? Bom, aceitando as condições do tempo, da
experiência, do dia-a-dia em redações. Ao longo da produção de todo o trabalho
do Vida Universitária, de notebooks
quebrados, Black Fridays desrespeitando
prazos de entrega, atividades de graduação, desencontros, fontes arredias e
pautas transformadas, não foram poucos os debates colocando sob holofotes todas
essas questões.
“Por que não devo escrever
dessa forma?”.
dessa forma?”.
“Por que essa informação é
importante?”.
importante?”.
“E se minha fonte gritar
comigo?”
comigo?”
“Por que preciso colocar
essa informação como discurso direto?”
essa informação como discurso direto?”
“Onde está meu advogado?”.
Exageros à parte, a grande
lição é essa: há roteiros a serem seguidos. Mas também há limites a serem
quebrados, padrões a serem combatidos e muitas palavras a serem cortadas. Não é
o fim. Lá na frente, em algum momento, o seu erro hoje pode ser o acerto na
visão do seu editor. E vice-versa. A crítica ácida permitida no Vida Universitária pode ser cortada em
outro lugar.
lição é essa: há roteiros a serem seguidos. Mas também há limites a serem
quebrados, padrões a serem combatidos e muitas palavras a serem cortadas. Não é
o fim. Lá na frente, em algum momento, o seu erro hoje pode ser o acerto na
visão do seu editor. E vice-versa. A crítica ácida permitida no Vida Universitária pode ser cortada em
outro lugar.
Nessa hora, meu amigo,
respire fundo e siga a vida. Você precisa protagonizar esse enredo com maestria
sem tapete vermelho, Oscar ou burburinho. Ainda assim será belo. Já é.
respire fundo e siga a vida. Você precisa protagonizar esse enredo com maestria
sem tapete vermelho, Oscar ou burburinho. Ainda assim será belo. Já é.
* Mariane Fonseca é Comunicadora Social graduada pela PUC Minas em Arcos e mestre em Letras – Discurso e Representação Social pela UFSJ. Repórter da Gazeta de São João del Rei, redatora na agência Mapa de Minas e freelancer da Rock Content. Porque sim e porque jornalista abraça o mundo mesmo até parar num consultório homeopata sofrendo com estafa.** #EVU – O Especial Vida Universitária é resultado de uma oficina de texto dada pela jornalista Mariane Fonseca para integrantes da Vertentes Agência de notícias e saiu às segundas-feiras de 05/01/2015 a 23/02/2015.