Encontro de Congado resgata a cultura negra em Tiradentes
Tiradentes receberá cerca de 1000 congadeiros que colorirão a cidade num espetáculo de cultura e fé.
A congadeira Das Dores explicou: “Alguns usam a internet para convidar o povo pra festa, a gente usa a caixa”. Ela se referiu ao instrumento musical de percussão, a alfaia, tocada no último sábado, 24, em Tiradentes, durante a cerimônia de levantamento das bandeiras. O evento, na Igreja Nossa Senhora das Mercês, marcou o início da festa do congado na cidade. Depois, um grupo percorreu as ruas onde encantou turistas com músicas tradicionais e pediu donativos para o 4º Encontro de Congados Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia.
O capitão do congado, líder do grupo, Claudinei Matias do Nascimento, o Capitão Prego disse que dois cortejos acontecerão na quarta-feira, 26, e quinta-feira, 27. Mas a festa se concentra mesmo no último dia, domingo, 30, quando se espera a chegada de cerca de mil congadeiros na cidade histórica. A partir das 8h da manhã até as 15h os toques tomarão as ruas, com concentração na Igreja do Rosário, na Rua Direita, no Largos das Forras e na Igreja das Mercês, onde termina.
O encontro promete ser um espetáculo cultural para os visitantes e moradores, mas, como o Capitão Prego revela, é ainda mais uma troca de experiências. Capitães mais velhos vêm de outras localidades e passam seu conhecimento para os mais novos, já que o grupo de Tiradentes só tem quatro anos. A expectativa é de aprendizagem: “A gente espera aproveitar o máximo da passagem deles por aqui e pegar bastante sabedoria”, disse.
O líder do grupo, que já tinha participado de outro Congado em Barroso, falou também da falta de manifestações da cultura negra na cidade e destaca a importância desse evento em Tiradentes. “Para as pessoas terem o conhecimento e ver o que é nossa cultura e o que os escravos passaram aqui. É esta história que a gente canta”.
Aos poucos e com dificuldade, o Capitão acredita que a tradição vai se firmando. Hoje, com cerca de 15 a 20 integrantes, o grupo conta com doações para realizar seus festejos, já que recebe pouco incentivo do poder público. “A prefeitura ia entrar com 4 mil reais, mas agora eles não vão entrar com essa quantia. Vai entrar com ajuda de alimento. Só que ainda falta muita coisa pra comprar, precisa pagar gente pra ajudar, carro pra movimentar no dia na rua…”, revelou. Por isso, quem quiser contribuir com qualquer quantia pode falar com Prego pelo telefone (32) 9959-3825 ou procurá-lo na Secretaria de Cultura de Tiradentes.
Texto/VanUFSJ: Daniela Mendes
Fotos Daniela Mendes