Dia dos povos indígenas e seus desafios
Por Felipe Lopes
O Dia dos Povos Indígenas é uma data para valorizar a diversidade cultural e a importância dos povos originários para o Brasil. O antigo “Dia do Índio”, celebrado no dia 19 de Abril, teve seu nome alterado em 2022 para desestigmatizar estereótipos sobre os povos originários.
Valorização cultural
Valorizar a cultura ancestral vai além de comemorações pontuais, trata-se de um exercício de memória.

Ao longo da história brasileira, os povos originários tiveram seus direitos básicos de manifestação cultural e organização étnicas renegados e as suas múltiplas culturas apagadas. O ato de estereotipar os povos originários resume tantas culturas em uma só, quando, cada uma das 305 etnias apresenta particularidades e visões diversas que vão na contramão da lógica capitalista de produção em massa. Como explica o Museu de Astronomia Ciências e Afins (MAST) , “Os territórios indígenas têm sido uma fronteira de resistência diante da ganância capitalista expressa em atividades como a mineração, extração de madeira, monocultura, pecuária entre outras práticas de exploração predatórias”.
Principais desafios dos povos originários
A luta dos povos originários é marcada por empecilhos como o extermínio, em episódios como a crise humanitária Yanomami e a falta de representatividade política e cultural, demonstrada no baixo número de parlamentares indígenas eleitos – 5 deputados federais em 2022 e 9 prefeitos eleitos no ano de 2024.
Um dos momentos relevantes da luta foi a criação de um ministério próprio, executado na atual gestão, o “Lula 3”, sob a liderança da indigena Sônia Guajajara. Outro marco subsequente a esse é a tese jurídica que indica que toda terra ocupada até outubro de 1988 é de direito indigena. Em entrevista concedida a nossos repórteres, o educomunicador Israel Campos Oliveira Souza critica a tese do marco temporal e argumenta a existência de incongruências temporais e incompatibilidades históricas: “É uma lei arbitrária, é uma outra apropriação de território que acontece há 525 anos”. O debate segue gerando discussões acaloradas na mídia e redes sociais.
Outro tema a ser superado é o estereótipo do “índio” como ser único, que caracteriza os povos indígenas de maneira rudimentar e pejorativa. Isso acontece pela literatura reducionista de autores como Gilberto Freyre, que ignora os povos e sua importância na composição nacional ao simbolizar o indigena de maneira estereotipada e caricata sem levar em consideração a pluralidade cultural e a relevância identitária. Sobre a relevância da representatividade na produção da literatura, o filósofo indígena, Daniel Munduruku, ressalta a importância de se ter “mesmos olhares, mas sob diferentes perspectivas”.