Coprodução cinematográfica marca debate do quinto dia da 19ª Mostra de Cinema
O crítico Pedro Butcher, junto com os produtores Sara Silveira e Paulo de Carvalho, conversaram sobre os rumos do cinema nacional em parceria com terras estrangeiras
Nessa terça (26), o auditório do Centro Cultural Yves Alves tornou-se palco do seminário Diálogos do Audiovisual. O evento contou com a presença de produtores e críticos do cinema internacional em sua mesa constitutiva para uma conversa sobre as oportunidades de mercado para o cinema brasileiro em geral e relacionado à coprodução internacional.
“A produção de uma obra audiovisual, partilhada, economicamente, entre dois ou mais países com compartilhamento sobre o patrimônio feito”; segundo a Agência Nacional de Cinema, assim define-se a coprodução. A conversa serviu para orientar novos produtores, procurando respostas para perguntas tais como: “quais são os caminhos para a coprodução internacional?” ou “como atrair investidor e produtor para o projeto?”.
“Nos tempos atuais, a coprodução é uma oportunidade de abrir portas para que filmes consigam se garantir em festivais. Existe uma visão diferenciada em relação a ela”. Assim, se iniciou o debate pelo mediador Pedro Butcher, crítico de cinema e colaborador do Brasil CineMundi/RJ (evento do mercado do cinema brasileiro, realizado pela Universo Produção).
Depois, os produtores Sara Silveira (por videoconferência) e Paulo de Carvalho conduziram o assunto, contando suas trajetórias, experiências e desafios, principalmente, em relação à coprodução internacional. Além de suas parcerias com outros países, entre eles, Alemanha e França, os dois, atualmente, têm filmes selecionados para participar do Festival Internacional de Cinema de Berlim 2016.
Sara Silveira reside em São Paulo e é uma das mais ativas produtoras de filmes do país. Fundadora da empresa Dezenove Som e Imagens, já recebeu apoio através de parcerias internacionais em diversas produções. Atualmente, junto com Anna Muylaert, roteirista e diretora de cinema, autora da obra “Que horas ela volta?”, trabalham na edição do filme “Mãe só há uma” sobre a história de um menino, transgênero, roubado na maternidade que cresce com a família trocada e, aos 16 anos, descobre o fato, um filme baseado em um caso real.
Paulo de Carvalho, um dos responsáveis pela atual projeção da produção nacional no exterior, atua como curador de cinema em festivais europeus. Ele, produtor, programador e colaborador do Brasil CineMundi/ Brasil/Alemanha, deu dicas aos participantes e afirmou que no mercado da coprodução “o importante é ter, até no final, um parceiro de confiança que se dedique ao projeto. Este tipo de produção não termina quando é lançado ou apresentado, vai muito além.”, enfatiza.
A jovem Analice, diretora de um filme acerca do contato dos indígenas com a vida urbana em Manaus, parceira em coproduções com Paulo, também teve a oportunidade de relatar sua experiência em relação à produção financiada por outros países. Ela ressaltou o fato de que “as relações se constroem de acordo com a cultura. Um filme muito regional, como o meu, não era muito bem compreendido por estrangeiros”, declarou.
A manhã toda do quinto dia da 19ª Mostra de Cinema foi dedicada aos bate-papos com a presença de críticos, diretores e públicos dos filmes exibidos no dia anterior, entre eles, “Urutau”, “Índios Zoró- Antes, agora e depois?” e os curtas da Mostra Foco.
À noite, as Mostras Transições e Aurora deram seguimento à apresentação de longas, com “Tropikaos”, de Daniel Lisboa, e “Aracati”, de Aline Portugal e Julia de Simone, que foram tema da discussão na manhã desta quarta (27).
Confira a programação completa da Mostra nesta quarta (27) clicando aqui.
TEXTO/VAN: GRAZIELA SILVA