Comemorações marcam a beatificação e os 203 anos de batismo de Nhá Chica
Também conhecida como “mãe dos pobres”, Nhá Chica ficou órfã com apenas 10 anos e, desde então, passou a se dedicar à caridade e à fé. Reconhecida pelos inúmeros milagres, Francisca de Paula de Jesus é venerada pelos moradores de sua cidade natal, que creditam a ela inúmeras graças.
Maria de Lurdes de Carvalho viveu a experiência da cura de um câncer. Em novembro do ano passado, ao fazer a mamografia, foi constatado um nódulo maligno e a necessidade de retirada da mama. A fiel devota de Nhá Chica se rendeu a orações e pediu que a beata intercedesse sobre seu problema e a curasse.
Muito emocionada, ela relembra que contou com a intercessão de Nhá Chica no momento da cirurgia. “No caminho, enquanto estava na mesa de cirurgia, entreguei tudo nas mãos de Nhá Chica e pedi misericórdia. Desde que eu moro aqui, nesse Rio das Mortes, há 45 anos, eu venho nessa igreja. Eu pedi a ela para me ajudar, então, se fosse da vontade dela, que ela me curasse. Eu operei e veio o resultado dos exames: eu estou completamente curada. Não precisei fazer tratamento nenhum”, relata Maria de Lourdes.
Na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, encontra-se o livro de registro de Francisca de Paula de Jesus. Monsenhor Paiva, que está na paróquia desde 1954, conta uma história interessante sobre o registro de Nhá Chica: “Todas as paróquias têm um arquivo eclesiástico, de crisma, de óbito, de casamento e também têm o chamado livro de tombo, que narra os acontecimentos religiosos da igreja. O arquivo da paróquia do Pilar tinha falhas. Alguns dos livros estavam com particulares. Um dia, um menino veio até a mim com uma caixa de papelão e me entregou. Eu perguntei: ‘quem que mandou isso?’. Mas o menino só disse que veio de Belo Horizonte. Quando abri a caixa, vi que eram livros nossos, de 1800 à 1820”.
Monsenhor Paiva conta que as freiras de Baependi vivenciaram a experiência de um milagre, no momento em que o próprio sacerdote encontrou a certidão de nascimento de Nhá Chica.
“Anos mais tarde, o Monsenhor José Patrocínio Lefor, de Baependi, me escreveu, pedindo que eu procurasse nos livros a certidão de nascimento de Nhá Chica, ou o processo de beatificação não poderia continuar. E foi aí que eu encontrei a certidão. As irmãs que cuidam de uma obra social de Nhá Chica ficaram muito satisfeitas e alegres. E disseram que era um milagre, pois ninguém achava esses livros e agora, justamente na hora em que estavam precisando, apareceu”, relata o Monsenhor Paiva.
“Esse terço é o mesmo que era rezado pela beata, que procurou fazê-lo de forma mais simples, para que até os mais humildes pudessem participar.” Todos os dias do evento contam com celebração eucarística e novena. Além disso, a celebração terá exposições culturais, apresentação do tricentenário grupo de Congada Nossa Senhora do Rosário, motociata e exposição cultural sobre a vida da beata” pontua Gilmara Maria Ferreira, uma das organizadoras da festa.
Gilmara Ferreira comenta ainda que a expectativa é de que milhares de pessoas participem dessa festa de Nhá Chica, sobretudo pela proximidade da Solenidade de Beatificação, que acontecerá no dia 4 de maio, na cidade de Baependi (MG), terra onde ela cresceu e viveu.