Um dos maiores eventos de gastronomia do país contemplou atrações musicais, teatrais, exibição de filmes, além de todo o sabor da cozinha mineira

Entre os dias 18 e 27 de agosto, ocorreu a 20º edição do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes.  O evento faz parte do calendário anual do Fartura – Comidas do Brasil, um dos grandes projetos de pesquisa gastronômica que já percorreu todos os Estados brasileiros em busca de novas receitas, ingredientes, sabores e histórias. Nos 10 dias de programação, o festival foi agraciado a presença de cerca de 46 mil pessoas, 184 atrações gastronômicas, 370 profissionais da gastronomia e 55 atrações culturais. Teve, como destaque, a culinária mineira, incluindo a presença de renomados chefs de Belo Horizonte e da região.

 

Este ano, um dos grandes diferenciais do festival foi a abertura de espaço para os pequenos produtores da cidade, uma forma de exaltar as raízes de Minas. Para Joyce Evelyn Gonçalves, professora de Biologia e coordenadora do projeto Rota do Sabor – iniciativa da Associação regional de produtores associados do campo das vertentes (ARPA) –  o fato de terem inserido os pequenos produtores foi um ganho substancial para o festival. “Muito da gastronomia vem com os pequenos produtores. Quando o chef gastronômico vai fazer um prato, precisa de um queijo, por exemplo, quem fez o queijo normalmente é um pequeno produtor.”

 

A professora conta ainda que, seu estande, representou quatro pequenas produtoras locais de biscoitos, quitandas, geleias, queijos, dentre outros produtos e que as vendas foram além da expectativa. “Tive que fazer várias viagens até a zona rural para buscar mais produtos. E aí a gente vê a qualidade realmente do produto, que tem tradição, tem sabor, e tá lá na zona rural. Temos que valorizar isso.”

 

O renomado chef do Restaurante Casa Cheia, Ilmar Antônio de Jesus, há mais de 30 anos no ramo gastronômico e premiado em diversos festivais, acompanha o Cultura e Gastronomia Tiradentes desde 2002 e atenta para a progressividade do festival. “Antes, o festival era muito restrito e elitizado. Agora, com essa inovação toda, todo o processo e a ideia foi trazer a culinária para rua, de montar esse espaço todo.  Ficou muito bacana e interativo”. Para o Chef belorizontino, o festival gastronômico de Tiradentes é um dos que mais movimenta a cidade no aspecto financeiro, fomentando o turismo e movimentando as pousadas, supermercados e restaurantes locais. “Eu mesmo atendi vários estrangeiros e isso é muito bacana, porque lá fora não tem disso. Não tem essa cultura, essa culinária. Então eles acharam fantástico, além de se encantarem com a cidade.”

 

A representante Dalva de Oliveira Lima, do Sitio Real Araxá, premiado quatro vezes em outros festivais, teve o queijo minas artesanal agraciado com o primeiro lugar no festival gastronômico e contou um pouco sobre mais essa conquista.“É uma alegria muito gostosa de sentir, porque o trabalho que realizamos não é simples. Saber que estamos agradando e que  nosso produto é de boa qualidade e bom sabor, traz satisfação pra gente.” Foi a primeira participação do Sitío no evento e a produtora falou um pouco de suas impressões. “Gostamos do festival. É muito bom aqui e agradável. Muita gente e pessoal animado, além de música sempre ali, e a gente trabalhando e cantando felizes aqui.”

 

Segundo Rodrigo Ferraz, diretor do festival, a 20º edição do evento teve retorno positivo. Falou sobre o Comidas do Brasil, parte da programação voltada para produtores do campo das vertentes. “O festival levou as pessoas até os locais onde são produzidos ingredientes, mostrando como é feito o produto e contando a história do produtor.” Ferraz ainda salienta que os objetivos de valorizar a cultura e gastronomia mineira foram alcançados. “Temos uma cultura extremamente rica em Minas e por vezes nos esquecemos disso”.

O músico Marcio Luiz Bacelar, integrante do grupo musical são joanense Chora Genésio, contou um pouco sobre as participações em um dos festivais mais charmosos da região, neste e em outros anos. Entretanto, fez uma ressalva, a de que o evento precisa, ainda, envolver mais a população local. “Eu acho que são dois lados. Por um lado, ainda, é um festival um pouco elitista, por outro, fomenta autorismo e a cultura. Eu toquei no festival, então isso valoriza o nosso trabalho, isso é bacana”.

O evento incluiu teatros espalhados pela cidade e exibição de filmes no centro cultural SESIMINAS Yves Alves, além de atrações musicais nos dois palcos dispostos pela cidade. Os amantes da boa culinária puderam, assim, desfrutar um pouco da cultura, gastronomia, música e todo clima que nossa belíssima Minas Gerais possui.   

Confira o ensaio fotográfico:

TEXTO/VAN: Yasmim Nascimento

FOTO/VAN: Victor Zanola

 

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