O vilão não é o tomate
Devido à necessidade de venda, muitos agricultores passaram a utilizar “agrotóxicos” – nome dado a produtos químicos que têm como uma de suas funções melhorar a aparência dos alimentos. Porém, a boa aparência deixou de ser sinônimo de qualidade. De acordo com a nutricionista Regina Miranda, os alimentos produzidos com agrotóxicos não contêm os nutrientes essenciais à saúde humana. “Nós não comemos mais alimentos, nós comemos mercadorias”, completa a nutricionista.
Aplicados também com a função de matar pragas e ervas daninhas, os agrotóxicos deixam nos alimentos resíduos que se acumulam no organismo humano. Um relatório do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostra que os agrotóxicos já são causa de diversas doenças, dentre elas o câncer, a esterilidade masculina, distúrbios do sistema nervoso e reações alérgicas. Em contraposição, o Sistema Único de Saúde (SUS) não tem estrutura para prevenir tais problemas de saúde.
A estudante Geyani Macedo afirma saber sobre alguns dos riscos que corremos ao nos alimentar de tais produtos que possuem agrotóxicos, mas diz que não deixa de comê-los, pois, pela falta de tempo e espaço, não tem como produzir seus próprios produtos e não pode ficar sem os nutrientes fornecidos pelas verduras e legumes. “O principal responsável são os agricultores que fornecem esse tipo alimento. Eles deveriam encontrar uma solução plausível para o bem comum, pois sabem dos riscos que corremos ao ingerir esse tipo de alimento”, declara a estudante.
Questionada pela reportagem sobre tais danos, a BASF, empresa produtora de agrotóxicos, respondeu que seus produtos “são cuidadosamente avaliados e aprovados pelas autoridades competentes, considerando benefícios agronômicos, aspectos de segurança alimentar e impacto ao meio ambiente.” No entanto, essa declaração contradiz a notícia divulgada pelo site G1, que relata o fim de um processo judicial sofrido pela Shell e BASF sobre danos ao meio ambiente e à saúde física e psíquica de ex-trabalhadores.
Este caso, que foi considerado um dos maiores processos trabalhistas da história brasileira, mostra que a população do país não está parada. Ao contrário, tem se organizado para evitar o uso abusivo de químicos nocivos nos alimentos e para buscar alternativas.