Alunos de Jornalismo da UFSJ exibem curta-metragens no Centro Cultural Yves Alves
Tiradentes tem fim de semana de curta-metragens
“O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho.” Foi no século passado que Orson Welles, roteirista, produtor, ator e cineasta estadunidense, disse isso. Mesmo que os anos tenham se passado, esta frase se mantém atualizada. Como disse Welles, ultrapassando as fronteiras da UFSJ, no último sábado (5), alunos do curso de Jornalismo exibiram seus curta-metragens no Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes.
Os temas dos curtas transitam entre diversas esferas da sétima arte. A fama de um ponto da histórica São João del Rei; um bloco carnavalesco tradicional de Tiradentes; a história de um músico do Sul de Minas; as adversidades vividas por uma travesti; e pensamentos que trazem uma tarde chuvosa.
O bloco “Ver-te Cana”, tradicional no Carnaval tiradentino, foi retratado, no curta de mesmo nome, por Emanuelle Melo e Mariana Nogueira. Thiago Morandi, ex-aluno do curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFSJ, mostrou através de seu trabalho o curta Tião Paineira, 86 janeiros, exibido também na 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, nesse ano.
Os quatro demais vídeos foram produzidos por graduandos do curso Jornalismo da UFSJ, como trabalho final da disciplina “Documentário para TV”, ministrada pela professora Dra. Vanessa Maia e pelo professor Dr. João Barreto. Ela se disse encantada com o trabalho dos alunos, e com a competência de cada um. Ressaltou ainda, a sensibilidade que tiveram ao olhar para os moradores locais como personagens de seus documentários. “É gratificante ver que eles se dedicaram a realizar um trabalho não só para a disciplina, mas para valorizar a cidade, a responsabilidade com os outros, e, sobretudo, com as pessoas.”, diz.
Túlio Moura, o jovem cineasta produtor de A Esquina do Kibon, trouxe a história do ponto mais badalado de São João del Rei, e a influência do Sr. Claudinor, seu avô e comerciante local, na construção da fama do lugar. Ele conta que gravar o documentário foi um passo marcante na graduação dele. “Sem sombra de dúvidas me apaixonei tanto pela teoria quanto pela prática”, garante. Túlio conta que cresceu ouvindo diversas histórias sobre a esquina, e pôde, através do trabalho, fazer um registro não só familiar mas histórico. “O tema em si pode gerar uma reflexão sobre as tradições de São João. Até hoje pessoas se encontram ali e carregam consigo desde os pequenos casos até debates sobre acontecimentos e notícias da região.”, afirma. O curta A Esquina do Kibon será exibido novamente no dia 19 desse mês, no Centro Cultural.
Ainda em temática envolvendo a Cidade dos Sinos, Marlon de Paula, Priscila Natany e Flavia Frota contam as adversidades vividas e a trajetória de Marisol, travesti e rainha de bateria do Carnaval sanjoanense, em Vida Tirana. Marlon conta que “a Marisol se mostrou ser uma peça muito central para se entender a história da rua da zona”, nome popular da Rua Marechal Bittencourt. A proposta inicial, segundo ele, era entrevistar pessoas que tiveram suas vidas envolvidas na rua, mas a história da travesti, que trabalhou nesta rua, foi tão fascinante que teve o curta apenas sobre ela. O produto ainda não está disponível para a internet.
Uma personalidade marcante do Sul de Minas também foi representada nas telas do Yves Alves. Diego Alexandre trouxe a história de Wilson da Silva, o Ventania, um músico influenciado pela cultura hippie, que aos 14 anos caiu na estrada cantando e vendendo artesanatos nas calçadas por onde passava. O documentário também foi exibido no ano passado no 28º Inverno Cultural, no XV FACE – Festival de Artes Cênicas em Conselheiro Lafaiete, e em festivais de outros estados, dentre eles do Espírito Santo, do Ceará e do Tocantins. Confira um trecho do trabalho de Diego:
Nicoly de Oliveira trouxe uma temática envolvendo as reflexões que um dia chuvoso proporciona. Com cenário simples, dentro de seu apartamento, ela apresentou o rumo que alguns acontecimentos tiveram em função da chuva em Último Verso.
As dificuldades para a produção dos documentários são diversas. Túlio ressalta que como para ele foi a primeira experiência, a seleção de imagens e entrevistas foi algo que o limitava. A falta de recursos também foi um problema para ambos os jovens produtores. “Não ter recursos para adquirir determinados equipamentos torna a produção mais complicada, mas ao mesmo tempo, mais criativa.”, comenta Marlon, “temos que reinventar e recriar uma série de coisas para conseguir driblar as dificuldades”, completa.
TEXTO/VAN: Emanuel Reis