A vida e a obra do escultor Mineiro Dito Santeiro
Em Minas Gerais, berço de grandes artistas, Dito Santeiro, escultor de arte sacra, surpreende com seu trabalho. Autodidata, seu ofício transmite aos expectadores, religiosidade e fé. Benedito Eduardo de Carvalho, mais conhecido como Dito Santeiro, é natural de Conceição da Barra de Minas. Mudou-se aos 15 anos para Nazareno, adotou o município como cidade do coração e hoje tem ali constituída toda sua trajetória de vida. Nascido em 13 de Outubro de 1947, demonstrou seu talento para a arte já em sua infância, iniciando aos 8 anos seu primeiro trabalho como escultor. A matéria prima utilizada na confecção de suas obras engloba tanto a madeira quanto a pedra-sabão, e a temática envolve principalmente a arte sacra.
O ofício do artesão sempre conquistou o apreço e respeito da população nazarenense. Segundo o professor e músico, Roque Raphael Ercolin: “Percebe-se nas confecções de suas obras que o escultor Benedito Santeiro desperta a emoção religiosa de quem a observa, com intensa dramaticidade”. Augusto Leonel Ribeiro, professor e historiador nazarenense expressa-se: “Sou admirador das obras do Dito Santeiro desde minha infância. O Sr. Dito é uma pessoa muito amável e acessível; amigo de longa data de minha família. Uma pessoa admirável que tem um dom ímpar”.
Membro relevante na construção cultural da cidade de Nazareno, preserva um ofício quase extinto na atualidade. Dito Santeiro é considerado pela população um célebre artista. Um marco importante em sua carreira foi uma escultura de Frei Galvão – primeiro santo do Brasil – realizada no ano de 2007, com o intuito de presentear o Papa Bento XVI, em nome de todo povo brasileiro. O presente lhe rendeu homenagens, entre elas, uma carta do Vaticano como forma de agradecimento, e consequentemente, um amplo reconhecimento de seu trabalho, nacional e internacionalmente. Outra obra de grande destaque que realizou, é a imagem esculpida do santo João Paulo II, toda em madeira, com grande riqueza de detalhes e que atualmente compõe o altar da primeira paróquia em homenagem ao santo no Brasil, situada em Juiz de Fora.
Mais de cinco décadas dedicadas à arte, milhares de obras realizadas, mantendo a credibilidade e o profissionalismo. Indagado sobre a emoção que lhe proporcionava tal função, Dito respondeu: “Minha arte é inspiração de Deus”. Através de cursos, o artista transmite a seus aprendizes o ofício de ser escultor, ensinando técnicas para o aperfeiçoamento, dando continuidade a essa expressão artística e contribuindo para o engrandecimento cultural da cidade.
No processo de criação artística, após escolhida a matéria prima, com a utilização de uma lima, a madeira ganha delicadas formas, dando origem às obras artísticas, tarefa que às vezes demora meses para ser finalizada. Pela qualidade de seu trabalho, é muito requisitado como artesão. Tem como influência o barroco mineiro. É também admirador dos trabalhos do mestre Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido por Aleijadinho, e do pintor Manuel da Costa Ataíde.