A incompreensão humana
Por Ana Cláudia Almeida
Meio Ambiente: um único conceito, diversos questionamentos. Vamos por partes, melhor. “Meio”, metade de algo que já foi um todo? Maneira de conseguir alguma coisa? “Ambiente”, habitat natural animal ou vegetal? Espaço físico e psicológico próprio para a realização humana? Não compreendo, Aurélio! Verbetes de dicionários costumam me dar a definição exata, a resposta indubitavelmente correta. OK, não acredito muito que esses livros grossos transbordantes de conhecimento estejam equivocados. Mas, convenhamos, cada dia mais não faz sentido! É irracional um ser dito racional tornar todo seu próprio espaço em um meio. Não, não é (sobre)vivência de que estamos falando, não é sobre um meio de existir. É sobre um meio de algo que já foi um inteiro.
5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Sim, isso mesmo que você leu! Como discernimento e conceitos da língua já não servem muito, alguns mais sensatos definiram 24 horas para contemplarmos e cuidarmos de nosso maior tesouro. De “tesouro” Aurélio cita o latim thesauraus, enquanto Michaelis surge com o grego thesauros. Ambos se parecem, ambos concordam: “acúmulo de coisas valiosas” e “lugar de guarda de bens”. Parecem-me boas sentenças para exprimir toda preciosidade da mãe natureza. Mas então, ainda não compreendo. Utilizar em excesso até se extinguir, tacar fogo, sujar, desperdiçar…suas próprias riquezas? Será isso proveniente de uma confusão mental? Talvez sintomas de algum problema cognitivo? Estranho, é algo de fácil entendimento e ainda assim atitudes inexplicáveis. Será algo mais grave, talvez um potente vírus de ignorância e ambição rondando por aí, atentando mentes mais fracas? Opa, “fracos” não! Seria melhor “grupo de risco”, não é mesmo? Não sei, repito: não compreendo.
Diria que alguns imunes ao vírus fizeram sua parte. Infelizmente, a morte chegou para eles por outro meio. Outros, também imunes, ainda estão na batalha da consciência tentando vacinar aqueles que se abrem à escuta. Árdua tarefa, conflito injusto. Uns caminhando segurando alertas carregados de verdades, enquanto outros surgem no caminho segurando armas carregadas de munições. Resultado: destruição. Choram esposas e filhos, choram protetores, choram animais e plantas e, bem no fim, chora o homem. Presságios ignorados, descaso recorrente, tragédias. Eventos grandiosos, muitos discursos, pouca ação, tragédias. Até para uma mãe generosa, golpes, feridas e desgosto levam a uma cobrança rigorosa. Tempestades, enxurradas, enchentes, tsunamis, tornados e cansaço. Exaustão que alguns atribuem a Deus, outros a deuses ou ao Universo mas, em suma, a mesma mão que dá, também tira.
Ironicamente, percebo agora que algo aqui compreendi. Não apenas em perigo, somos o perigo. A racionalidade é o meio, mas também o fim.