12º Felit: Terceiro dia
O terceiro dia do festival foi marcado por mesas redondas, lançamentos de livros e espetáculos
A programação do dia teve início às 14horas na Sociedade de Concertos Sinfônicos com a oficina “O que faz de um livro um produto infantil?”, mediada por Fabíola Farias. Fabíola é doutora em Ciência da Informação e leitora-votante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e coordenadora da rede de bibliotecas e projetos para a promoção da leitura da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Com base em sua experiência procurou levantar questionamentos quanto a literatura infantil.
A oficina contou com 10 participantes, que trabalham com ensino infantil e bibliotecas da região da Vertentes. Eles foram levados a pensar o que torna um livro ser destinado ao público infantil e, com essas questões, as educadoras expuseram suas opiniões e questionamentos. Assim foram feitas apresentações e leituras de livros infantis com temáticas inusitadas e que não são muitas vezes tratados com as crianças, como a migração, a separação, drogas, nazismo, morte e suicídio.
“Os temas para crianças são limitados, restritos e ameaçados em função do contexto em que vivemos, mas precisamos falar. Porque tratamos de alguns temas espontaneamente, como de crianças que são desobedientes, fadas e lendas? E os temas que são tão presentes precisam de uma provocação e nós não conseguimos lidar com eles?”, afirma Fabíola. “Os questionamentos são necessários e com uma experiência estética bem feita tudo é permitido, o mundo não espera a criança crescer para ela ter vivências não apropriadas”.
Logo após o encerramento da oficina, uma mesa redonda teve início. Com o tema “Políticas Públicas para a Área do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas”, com os convidados Lucas Guimaraens, Fabíola Farias e Cláudia Lúcia Teixeira e Medição de Cleide Fernandes. A mesa trouxe para discussão a necessidade de “uma aproximação da sociedade civil com o poder público para que as cobranças necessárias sejam atendidas”, declarou Lucas Guimaraens.
Ás 18h houve lançamento coletivo de livros, contemplando cinco obras. Os autores são de São João del-Rei, Tiradentes e Belo Horizonte e a maioria das obras são do gênero poesia, com apenas um conto, o “Rosa nos Tempos”, de Maria do Rosário Rivelli. Também às 18h ocorreu a “Sala íntima: A literatura na sala de aula”, com a presença do escritor homenageado (Luiz Ruffato) e de professores das redes municipais de ensino de São João del-Rei e Tiradentes.
O resto da noite foi marcado por mais duas mesas redondas, uma apresentação do grupo “Lendas São joanenses” e diversos espetáculos, variando a localização entre o Centro Cultural Feminino, a Sociedade de Concertos Sinfônicos e a Taberna D’Omar. Às 19h, Jadir Jânio da Silva (Lendas São Joanenses) se juntou a Márcia Paschoallin (autora do livro Lendas São Joanenses) para uma mesa redonda, com mediação do Prof. José Antônio Resende (UFSJ). Após a mesa, houve a apresentação itinerante do grupo, ao qual Jadir Jânio afirma ser a primeira em parceria com o Felit. “Foi muito importante para a gente porque após 11 anos que estamos fazendo essas apresentações, ficamos com muito orgulho de ser convidados para participar do festival. Começamos a ver que realmente faz sentido continuar nessa luta da gente, porque nós queríamos isso: resgatar essas lendas para que elas não morram, e com o felit acreditamos que isso ajudará e contribuirá muito para a cultura da nossa cidade”.
A escritora Márcia Paschoallin ainda realizou uma sessão de autógrafos às 20h30 na Sociedade de Concertos Sinfônicos, onde posteriormente aconteceu a mesa redonda Poesias em Tempos Incertos, com Lucas Guimaraens e Ana Elisa Ribeiro. Ambos são de Belo Horizonte (MG) e falaram sobre seus livros, “Renascença” (Ana Elisa Ribeiro) e “Exílio – o lago das incertezas” (Lucas Guimaraens). De acordo com a escritora, vir a São João del-Rei pelo Felit é algo que a faz feliz. Ana Elisa ainda comenta sua obra, oriunda do bairro onde nasceu e foi criada, Renascença – Belo Horizonte. “Vir pelo felit é especialmente bom. Na minha obra eu tentei pegar algo pontual e mandar para o mundo”. Guimaraens também comentou sobre sua obra e sobre a importância de se fazer poesia nestes tempos incertos. “Agora é o momento que mais precisamos falar de poesia. Em “Exílio”, há a possibilidade da perda da memória, da identidade. Eu convivi com exilados, quis trazer no livro uma tentativa de poder reescrever sua própria história.”
O evento encerrou-se com a apresentação de diversos espetáculos, sendo eles: Minas Flutuante, recital com o Grupo LESMA Poesia, de Conselheiro Lafaiete, Nu Divã: confissões de uma quase Diva, performance teatral com Benvinda D’angelo e Declamação de Poemas, com Lucas Guimaraens, Ana Elisa Ribeiro, Saulo Bardo de Luz e outros, na Taberna D’Omar.
Texto/VAN: Lara Aquino e Isadora Jales