Em Ritápolis, duas atividades tradicionais, o tear e o cultivo de pimenta, persistem por longas datas e são desenvolvidas por famílias. A arte de tecer permanece nos dias de hoje na família de dona Lena Cristófaro, que além de ver a atividade como uma maneira de manter a tradição, ainda ganha um dinheiro extra. Já a família de dona Vanda Almeida, após 10 anos na produção de pimenta, acabou abandonando a atividade.
      No interior é muito comum o processo de plantio e cultivo para o próprio sustento e em Ritápolis não é diferente, mais do que isso: a pimenta cultivada nas fazendas e roças do município mais tarde é comercializada.
      Algumas famílias não conseguiram sustentar a tradição, como é o caso da família de Vanda Almeida, que por falta de mão de obra e excesso de serviço, deram fim às produções. No início da produção, a família Almeida começou com uma demanda muito baixa, atendendo aos pedidos de amigos e da vizinhança, mas com o passar dos anos chegou a produzir 400 litros diários de pimenta, com uma procura enorme de toda a região. Produziam seis qualidades de pimenta: malagueta, biquinho, dedo de moça, cheiro de bode vermelha e amarela, cumarim, cheiro do Pará, e em conserva, a pimenta branca.
      “Era cansativo, mas muito prazeroso. A pimenta tem uma áurea muito boa, além de ser muito bonita”, conta Vanda. Ela ainda explica sobre a divisão de trabalhos e o envolvimento de toda a família: “Meu marido era responsável pelo plantio e cultivo da pimenta na fazenda da família, já minha filha, noras e cunhadas faziam a limpeza e o preparo, enquanto eu era incumbida da decoração dos potes e da análise dos produtos. Porém, os anos foram passando, o trabalho aumentando, ficamos sem mão de obra, cansados e pusemos fim a uma tradição que já durava 10 anos”.
      Já a família de Lena Cristófaro, responsável por desenvolver a tecelagem, outra tradicional atividade de Ritápolis, iniciou com pouca pretensão e hoje dá continuidade há um trabalho de anos, que é realizado por três teares. Lena, uma irmã e uma sobrinha trabalham juntas, ganhando um dinheiro extra, que segundo elas é um complemento bom da renda mensal.
      A comercialização dos produtos de dona Lena e companhia é feita somente na pequena cidade, “de boca em boca”, como elas mesmos dizem, e algumas vezes os tapetes e colchas são levados à venda nas cidades da região, como Tiradentes e Barroso. Lena conta que já é uma tradição que dura 17 anos e além de ser uma ocupação a mais, uma distração, é um bom complemento financeiro, mas confessa o desejo de parar devido ao cansaço e à responsabilidade.
      Trabalhos comunitários como esses é que movimentam a pequena Ritápolis. Famílias mobilizadas em diferentes pontos da cidade, produzindo em harmonia, visando melhorias e progressos muitas vezes independentes. Pena que nem todas a famílias conseguem dar continuidade ao trabalho.

      Reportagem e foto: Rhafaela Resende.


Para copiar e reproduzir qualquer conteúdo da VAN, envie um e-mail para vanufsj@gmail.com, solicitando a reportagem desejada. É simples e gratuito.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.