Por Júlia Resende

Bandeirinhas de Festa Junina.
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Em cada canto do Brasil, a tradição se revela de um jeito. Mas, a magia do momento não muda, permanece em todo lugar que celebra as festas de junho. Barracas montadas. Lenhas preparadas para a fogueira. Bandeirinhas espalhadas. Equipe reunida e fogão aceso. Um cheiro que é capaz de ir longe. Os brindes para a víspora já estão separados. A dança foi ensaiada e o quentão está garantido. Junho chegou. E junto com ele, um quentinho no coração, daqueles que nos fazem realmente esquecer do frio que faz lá fora. Frio tão intenso quanto a vontade de enfrentá-lo para ir nas celebrações juninas. 

É tão bonito ver a união das pessoas para tudo ganhar forma, a empolgação e a doação de muitos para manter viva a tradição. Este ano, cheguei à conclusão que durante toda a minha vida eu gostei de participar das festas juninas, mas que nunca parei para apreciar a beleza e o sentimento por trás de cada detalhe. Sempre tem alguém com muito carinho e vontade de fazer dar certo. Alguém movido pelo amor de oferecer “quentinhos no coração”. Amor que reflete no olhar simpático e alegre da simples presença. 

E quando finalmente a barraca está aberta, o trabalho não para. O pastel frito na hora,  o caldo esquentando no fogão e o churrasquinho cheirando de longe. Os doces marcam presença importante e o quentão, forte que só, é clássico. Na hora que a víspora começa, empolgação e desejo de ganhar as prendas despertam o espírito esportivo de quem está presente ali. A maioria com o peito aberto, pronto para novas memórias de afeto e parceria. A alegria de ver o amigo ganhar. Cumplicidade na partilha. Sorrisos sinceros para desconhecidos. Simplicidade e brilho no olhar. 

É ali que você enxerga um dos lados bons das pessoas, é ali que quem se doou para ver tudo acontecer, sente que vale a pena todo o esforço. É ali uma das formas de sentir o coração vibrar. E que sensação boa é sentir o coração vibrar! Romantizo sim, porque para mim é mais que barraca e comida. Em um desses dias de festa, algo me tocou profundamente: a vontade do outro em retribuir e reconhecer pequenos atos de bondade. Graças ao valor e espírito junino. É nessas pequenas demonstrações de carinho que a gente sobrevive ao caos do dia a dia. 

Se eu pudesse, era inverno o ano inteiro!