Por Isabela Barbosa e Júlia Diniz

Dia 12 de Junho, dia dos namorados no Brasil, em São João del-Rei.

O amor pode ser muita coisa, o amor romântico então.. nem se fala. Na nossa cidadela histórica ao olhar na esquina se encontra o amor: em um casal que passeia, todos os dias, com os cachorros; em famílias a caminho da escola com seus pequenos; em adolescentes que vivenciam seus primeiros encontros; em jovens casais e, claro, em casais de longa data. Esses são os que surpreendem, as presentes bodas de ouro que, muitas vezes, nem sequer contaram com um casamento oficial. Em São João del-Rei, existe muita história, amores que completam 50 anos de vida ou muito mais. A vida que o amor trás…

Dia desses, saio de casa em um horário nada costumeiro e, como uma daquelas sortes que se dá na simplicidade do cotidiano, me deparo com Edgar e Rosângela. Capaz que é assim que o amor acontece, um vislumbre feito estrela cadente. E o desejo é que haja um iluminar dos dias para além do sol, afinal de contas, tudo parece mais vivo quando se ama. Esse pensamento me faz aproximar do casal pimposo que me cumprimenta, ‘’bom dia’’ e ‘’oi’’ acompanhado de um sorriso no rosto. Bom, eles devem ter percebido o olhar curioso, talvez seja minha deixa.

“Oi!”, digo animada e um tanto quanto apreensiva, mas absolutamente curiosa demais pra deixar passar essa oportunidade. Nos introduzimos e, numa simpática manhã de segunda, conheço a vida do amor. O vento estava frio, mas os braços entrelaçados dos dois aqueceu ainda mais que o sol. O sol estava a brilhar, tal qual os olhos do senhor ao me contar suas aventuras com a companheira. Edgar e Rosângela tinham sintonia, um completando a frase do outro. Tinham amor, calor, brilho, tinham vida.

Ao som de Milton Nascimento, o casal se conheceu: “Foi uma história engraçada, que envolvia rodinhas de música e ir acampar escondido no meio do mato” conta Edgar. Os acampamentos se repetiam, e acabaram levando ao amor, ou talvez o amor tenha levado aos acampamentos. A vida e o amor compartilham essa magia, os acasos e acontecimentos do amar e do viver. Os acasos que levaram Edgar e Rosângela a se apaixonar, levaram ao relacionamento do casal, que originou muita vida. Além da família formada por eles, o amor e a alegria do casal levam vida a quem toca e por onde passa, nessa manhã de segunda, tive a sorte de ser atingida por essa vida.

O amor, como diz Edgar, “não é nada muito moral ou careta”, mas companheirismo e alegria. Agradeço imensamente pelo encontro, me despeço, e passo o restante do dia refletindo: para além do Dia dos Namorados, sorte mesmo é daqueles que encontram a vida no amor e o amor na vida, parceiros que te veem, do jeitinho que você é, sejam esses românticos ou não.

Talvez essas sortes do acaso devam ser agarradas, percebidas. O amor do toque, junto com o das palavras faz com que essa história seja a mais gostosa de ser escutada. Conversar com o casal foi como abrir um livro novo, que você sente que irá mudar suas perspectivas, apenas com palavras. ‘’Você mostra mais o amor pelas ações, e faz parte saber abrir mão de algumas coisas, mas sem que isso te apague.’’ É, talvez não haja borracha que apague essas palavras da minha mente, até porque um bom script real vai de caneta mesmo, assumindo riscos e se divertindo com o rolar da tinta que permeia no amor.