Estudantes de teatro falam sobre o machismo e a perda da sensibilidade em novo espetáculo.

“O E.L.A trouxe muitas histórias de mulheres sensíveis e fortes, cada uma da sua maneira. […] Não imaginava que eles fariam uma ligação tão interessante da doença com a mulher”, afirma Bárbara Vitória, estudante.  Essa foi a impressão causada pelo espetáculo teatral E.L.A que estreou recentemente, na Sala Preta do Campus Tancredo de Almeida Neves (Ctan), da Universidade Federal de São João (UFSJ), na cidade de mesmo nome, em Minas Gerais.

O experimento cênico foi desenvolvido durante a disciplina Laboratório de Montagem e contou com o envolvimento de alunos em diversos núcleos de atuação.

Luana Simão, 19, uma das dramaturgas do espetáculo, afirma que o processo foi totalmente colaborativo e as áreas de sonoplastia, direção, dramaturgia, entre outras, acabaram se entrelaçando ao longo do semestre. De acordo com a estudante,  o objetivo da disciplina é criar uma montagem que trabalhe a receptividade da cena, ou seja, o modo como o público se sensibiliza com a mensagem transmitida. “O método que a gente quis usar para falar disso é a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), porque o maior significado dessa doença é a perda da sensibilidade”, declara.

O projeto foi fundamentado na pesquisa sobre mulheres e dramaturgas brasileiras. “Usamos algumas dramaturgas como referências para a peça. […]  A proposta inicial era que elas fossem uma inspiração com o seu trabalho. Mas pesquisando a história delas, vimos que elas eram inspiração como mulheres”, afirma Luana. Ela ainda complementa  que o espetáculo contém diversos trechos que não são de criação do grupo, mas que surgiram através da pesquisa sobre as dramaturgas.

Para que a peça se aproximasse ao máximo do público, a área de sonoplastia mesclou elementos gravados e ao vivo. Segundo Gabriel Willian, um dos responsáveis por essa área, “durante os ensaios demos estímulos aos atores com os instrumentos, mas só depois de muito tempo que introduzimos a sonoplastia dentro do que estava sendo estabelecido”.

O machismo também foi um assunto abordado pela peça, na tentativa de produzir algo que envolvesse o público. “Trouxemos alguns símbolos sutis presentes na nossa realidade, como os personagens masculinos que eram sempre carregados de machismo mesmo que sem intenção”, diz Luana Simão.

Para se aproximar da realidade, E.L.A retrata a vida de um grupo de mulheres que moram no mesmo prédio. (Foto/VAN: Isabela Souza)

Texto/VAN: Isabela Souza
Foto/VAN: Isabela Souza

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