Esporte comunitário como esperança nas margens
Por Isabela Franco e Karollayne Castro

O esporte não transforma apenas a saúde física, mas também a realidade de vida de muitos indivíduos, principalmente aqueles que residem em bairros periféricos com um grau maior de vulnerabilidade. Diante desse cenário, o Instituto BH Futuro afirma que o esporte é relevante na vida de um jovem periférico, pois permite uma inclusão que transcende barreiras sociais, promovendo a integração do atleta.
O projeto ASAS, em Santa Cruz de Minas, segue a ideia de desenvolver os alunos com o objetivo de gerar independência. Dessa forma, a iniciativa conta com aulas de ballet, escolinha de futebol e aulas de costura para mulheres com vulnerabilidade financeira e socioafetiva. Essas atividades são mantidas através do bazar feito pela assistência social da Igreja Missão Atos, doações e patrocínio do Athletic Club. Atualmente, no projeto, cerca de 90 alunos são assistidos pelas atividades ofertadas.

“Fiquei sabendo do projeto através da (igreja) Missão Atos. A gente escolheu vir justamente pelos projetos oferecidos para, não só o desenvolvimento da criança, mas para melhorar também o comportamento deles. Além de tirá-los de uma tela ou alguma convivência que não agregue na vida deles. É importante ele pertencer e estar em convívio com outras crianças”, afirma Jéter, pai de um dos atletas do projeto.
Sob esse viés, a maioria dos alunos foram comovidas pelo projeto através da modalidade futebol, que move muitos corações brasileiros. Neste contexto, João, filho de Jéter, tem sido influenciado no dia a dia, a lavar o próprio prato, arrumar a própria cama e até mesmo no âmbito escolar. Relata-se que o atleta era muito competitivo, e atualmente, através do trabalho feito em Santa Cruz de Minas, ele reconhece que faz parte ganhar ou perder, respeitando o espaço do outro. No mais, a empatia e a compaixão têm sido pilares de ensinamento no projeto ASAS, gerando afastamento das situações de perigo das ruas e reflexão em como ajudar o próximo.
A comunidade reconhece a transformação que houve depois da instalação do projeto, além do bom proveito dos espaços da igreja, gerando um ponto positivo. Segundo Jéter, não apenas o futebol, mas todas as atividades recreativas na área da igreja chama atenção da comunidade, além do empenho da Missão Atos em fazer com que todos queiram participar. Dessa forma, é perceptível que o projeto não é apenas uma prática esportiva, mas também uma ferramenta de superação e mudança de vida, com a qual jovens anteriormente perdidos e com más escolhas atualmente buscam recomeçar da maneira correta.
Nesta perspectiva, a prática ao esporte faz com que surja uma alternativa diferente e positiva em relação a envolvimentos prejudiciais, proporcionando um canal construtivo para a energia e o tempo dos jovens. Além disso, o esporte pode abrir portas educacionais, com bolsas de estudo e acesso a instituições acadêmicas. Em síntese, ter optado pelo esporte foi a melhor forma do projeto alcançar as crianças da comunidade e tirá-las dessa zona de vulnerabilidade, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento pessoal de todos.