Por Igor Chaves

Bebê sendo amamentado.
“Agosto Dourado” torna esse o mês de incentivo ao aleitamento materno. Foto: Reprodução/Freepik

Ainda em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tornou o mês de agosto simbólico ao criar a campanha de conscientização à amamentação. O “Agosto Dourado” só veio a ser instituído no Brasil em 2017, com o propósito de reforçar essa assistência às mulheres. Desde então, a educação sobre o amamentar e a nutrição de crianças abaixo de dois anos tem se mostrado efetiva, com resultados que vão desde os cuidados com o recém nascido até a importância da alimentação materna.

Um dos casos de maior sucesso de trabalhos voltados para a amamentação foi a implementação de bancos de leite por todo o Brasil. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano é uma iniciativa do Ministério da Saúde e atualmente compreende 222 bancos de leite humano, presentes em todos os estados do país. Em São João del-Rei, o Posto de Coleta de Leite Humano se corresponde com o Banco de Leite de Juiz de Fora. Atualmente, sua principal função é suprir as necessidades dos bebês prematuros que ficam internados na UTI Neonatal, como explica a enfermeira da Santa Casa da Misericórdia de São João del-Rei, Lorelei Franco: “A gente manda esse leite humano, que é o leite humano cru, para Juiz de Fora. Juiz de Fora pasteuriza o leite, passa por análise e devolve para a gente. Aí sim, ele pode ser usado nos bebês da UTI”. 

Frascos de leite no Banco de leite em São João del-Rei
Banco de leite em São João del-Rei. Foto: Reprodução/TV Integração

A destinação do leite para a amamentação de bebês, prematuros ou não, está diretamente relacionada às condições nutritivas do alimento. Ele e suas características fundamentais são responsáveis por permitir o desenvolvimento do sistema imunológico da criança e seu crescimento saudável. “Ele [o leite materno] é uma fonte rica de todos os tipos de nutrientes, vitaminas, anticorpos para poder nutrir o bebê, para que ele cresça saudável e para que ele tenha uma proteção”, explica Lorelei. O próprio Ministério da Saúde adverte para a necessidade da exclusividade da amamentação no primeiro semestre de vida, e recomenda a prática até os dois anos de idade ou mais. “Ele é insubstituível, porque nenhum outro tipo de substância existente tem tudo que o leite materno tem”.

Discutir o direito à amamentação é também abordar o direito à segurança alimentar e nutricional (SAN). A existência dos Bancos de Leite, por exemplo, está diretamente vinculada à redução da mortalidade neonatal precoce e tardia, uma prova de como a prática do aleitamento está intrinsecamente ligada à diminuição da insegurança alimentar e, consequentemente, à redução da mortalidade infantil. Esse mesmo fator vale para as mães lactantes que, ao longo do Agosto Dourado, também são conscientizadas sobre a importância de uma alimentação que promova segurança.

“Uma boa alimentação no pós-parto não vai ajudar somente na parte da produção do leite, não. Ela vai ajudar até na recuperação desta mãe”, aponta Lorelei. O processo de educação ao longo deste mês está ligada ao ciclo de saúde e nutrição da criança, que, por sua vez, se relaciona com as condições de vida da família e da população em geral. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), constituída por uma rede de hospitais universitários federais, ainda em 2022, escolheu conscientizar sobre o Agosto Dourado focando na importância da alimentação da mãe, uma vez que o seu impacto é imediato na alimentação do bebê. É possível ver como a SAN materna, promovida no pós-parto, tem influência direta na qualidade da amamentação e, consequentemente, na SAN do recém-nascido.

anúncio da campanha Agosto Dourado de 2022.
Campanha Agosto Dourado (2022) da Rede EBSERH. Foto: Reprodução/GOV.BR

É importante lembrar que, mesmo com o fim do mês de agosto, a campanha de conscientização deve continuar. Lorelei conta que as dificuldades ainda são muitas, mas, principalmente, suprir a necessidade do Posto de Coleta sanjoanense: “O maior desafio é conseguir captar as mãezinhas em faixa de amamentação. Tem muita gente em São João del-Rei que hoje ainda não entendeu o que é o banco de leite e muitos que não sabem que existe”. Para doação de leite, basta estar amamentando e possuir exames pré-natais sem alterações: “A gente precisa do hemograma, da hepatite, da sífilis e do HIV. Os exames têm uma validade de seis meses. Estando tudo ok com esses exames, elas podem vir até aqui para a gente fazer o cadastro”. Após cadastro, as doações ocorrem de forma domiciliar em São João del-Rei e Santa Cruz de Minas, e os frascos para coleta são disponibilizados pelo próprio Posto: “A gente coleta o leite no frasco que a gente fornece, para aumentar a segurança, e é tudo feito em casa, super tranquilo”. 

Serviço

Santa Casa da Misericórdia:

Endereço: Av. Tiradentes, 289 – Centro.
Telefone para doação: (32) 3379-2000.