A polêmica em torno da Feira do Coreto, que gerou debates na Câmara Municipal, teve desfecho positivo para os produtores e feirantes de produtos orgânicos

 

Uma polêmica envolvendo o  Conselho Municipal de Patrimônio e feirantes deu o tom da reunião na Câmara de Vereadores em São João del Rei, terça-feira, 8. É que segundo o órgão fiscalizador, a Feira de Produtos Agroecológicos, que acontece todas as manhãs de sábado, no Coreto, não poderia se realizar mais no entorno por se tratar de uma região de bens tombados.

 

A história começou em julho, quando o Conselho de Patrimônio já pressionava a Secretaria de Cultura para que as barracas fossem removidas dali para a Praça Doutor Salatiel. O produtor rural Francisco José Ribeiro Alves revelou que, a partir de então, os feirantes começaram a se articular, pois a manutenção do empreendimento também passou a ser dificultada.

 

Na reunião, Francisco, que também participa do grupo, defendeu a continuidade e o incentivo do empreendimento no local: “A transferência da feira não nos atende porque há mais de 3 anos ela é realizada no Coreto, e é conhecida tradicionalmente assim. Do ponto de vista estratégico, está próxima aos pontos de ônibus que facilitam tanto para os feirantes quanto para a clientela, geralmente pessoas que moram distantes do Centro.”

 

A vereadora Lívia Guimarães acompanha o caso e, em entrevista, revelou a falta de informações que deixou confuso o posicionamento do Conselho de Patrimônio. De acordo com a legisladora, a ata lida pelo secretário de cultura e turismo, Marcus Fróis, citava apenas a feira de artesanato que acontece na Praça da Estação em outros dias. “Como a gente não tem essa informação, eu solicitei que a Casa registrasse em ata para averiguação se há ou não alguma restrição por parte do Conselho.”

 

Lívia também chama de incoerente a transferência da feira para a Praça Doutor Salatiel. “A praça do Coreto é tombada apenas em nível municipal, já a praça Doutor Salatiel e outros pontos são tombados inclusive pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN”.

 

No final, a avaliação da vereadora sobre o debate foi positiva, pois a prefeitura se comprometeu em oferecer, novamente, a infraestrutura e apoio necessários para continuidade da feira. Decisão que já entrou em vigor.

 

Para o Mestre em Letras da Universidade Federal de São João del Rei, Túlio de Oliveira Tortoriello, que teve tese defendida sobre Usos Sociais do Patrimônio Histórico Cultural, não há problemas em se manter um empreendimento destes numa região de tombamento. “A ideia é que eles querem preservar o patrimônio histórico sem considerar que a população local precisa sobreviver, precisa se desenvolver em volta disso. Não precisa preservar tanto ao ponto de a população não poder usufruir.” Túlio, que também já fez parte do Conselho de Patrimônio da cidade, baseia sua pesquisa principalmente nas ideias do antropólogo argentino Néstor Canclini que defende a ideia do uso do patrimônio histórico junto à modernidade com desenvolvimento ao redor.

 

Tanto o secretário municipal de agricultura e abastecimento, Marcus Vinícius de Carvalho Fróis, como a presidente do Conselho de Patrimônio, Ruth Viegas, não foram encontrados para dar depoimento sobre o assunto antes do fechamento dessa matéria.

 

Texto VAN: Sagner Alves

 

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