Por Ana Cláudia Almeida

Já é de grande conhecimento que a convivência saudável com a prática esportiva traz ensinamentos que podem ser aplicados em nossas vidas de muitas maneiras. Aliado à perseverança, foco, determinação e trabalho em equipe, o esporte é uma poderosa ferramenta de molde do comportamento humano, principalmente se praticado desde a infância. Nesse sentido, em Barbacena, o Projeto Nado Bem da ARCOM-SC (Associação Renovação Cidadã Organizada de Membros da Sociedade Civil tem introduzido gratuitamente a prática da natação no cotidiano de inúmeros jovens e crianças.

Crianças desenvolvendo equilíbrio na água.
Primeiro aprendizado no Projeto Nado Bem é adaptação à agua.
Foto: Reprodução/ARCOM-SC

Originada como uma modesta associação de moradores membros da sociedade civil, organizados em prol de melhorias no bairro Santa Cecília, a ARCOM-SC atualmente se configura como uma instituição de referência em Barbacena. Sendo responsável por iniciativas alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, sua atuação bem diversificada atende direta e indiretamente milhares de pessoas. Projetos, como o Milésimo Gol (futebol), Rompendo Barreiras (atletismo), Centro Cultural de Línguas (ensino de idiomas), Centro Feliz Idade (assistência ao idoso) e Conservador da Mantiqueira (parceria com o The Nature Conservancy), são exemplos de seu trabalho voltado à inclusão social e preservação ambiental.

Iniciado em agosto de 2023 visando democratizar o acesso ao esporte aquático, o Nado Bem resulta de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Barbacena e colaboração com as Secretarias de Educação e de Esportes. Em síntese, o programa proporciona qualidade de vida a 114 inscritos, na faixa etária de 7 a 17 anos. Para Antônio Cosso, coordenador dos projetos esportivos da ARCOM-SC, a distinção de realidade entre os alunos e um certo desconhecimento dos pais em relação aos diversos benefícios do esporte tornam sua gestão muitas vezes desafiadora. “Nós temos que considerar as realidades, tem pais que não alcançam o bem que o projeto faz, que o esporte faz. (…) Então tem isso, e algumas (crianças) não têm os pais tão presentes. Tiveram crianças que vieram até mim para se inscrever, mandar os documentos e eu disse ‘Olha, mas eu preciso da autorização do seu responsável’, diz.

Nesse viés de limitação ainda, Antônio menciona a conquista de materiais e uniformes para serem entregues aos beneficiários dos projetos: “Outros desafios foram lanche, uniforme, material, mas conseguimos, agora está tudo certinho. (…) Na natação consegui dar touca, óculos, isso foi bem legal”.

Alunos uniformizados na piscina.
Alunos do projeto recebem alguns materiais, como touca, óculos e camisa personalizada.
Foto: Reprodução/Nicky Romero

Há 15 anos inserida no meio esportivo de cunho social, a experiente professora Denise Santos reforça a visão de Antônio quanto à enorme relevância social do projeto Nada Bem. Segundo ela, os resultados são sempre positivos quando se trata de ingressar a criança no esporte e, com isso, a fazer socializar e conhecer. “(..) A gente pega a criança e não trabalha só natação com ela. A gente trabalha o social e a gente aprende muito com elas também (…) É muito importante isso. Eu te falo pela bagagem que eu já aprendi muito. E hoje, eu vejo meus alunos lá, que eu conheci desde 2009, que são alunos que já têm formação, têm médicos, têm professores. Então, a gente consegue, sim, transformar a criança”, conta.

Auxiliada pela professora Lena Discacciatti e instrutoras, Denise ultrapassa a tentativa de integração social entre os alunos, os orientando a fim de melhorar também a psicomotricidade e coordenação motora. Conforme sua fala, nesse momento de ensino surgem desafios mediante as limitações apresentadas por alguns alunos. Para Denise, desenvolver e aperfeiçoar a prática de cada inscrito é o que a motiva diariamente, além de conseguir contribuir para a saúde de todos ao identificar possíveis condições atípicas em certas crianças. “Desafios são vários, porque estamos lidando com várias crianças e cada uma tem o seu jeitinho. Então, tem crianças que às vezes tem até alguns problemas que a gente costuma detectar durante a aula, igual está acontecendo hoje em dia, as crianças com TDAH, com TOD (…) Isso é um desafio e é um mérito muito grande para a gente que é professor”, relata. 

Equipe responsável pelo projeto.
Antônio Cosso, Denise Santos e equipe Nado Bem. Foto: Reprodução/Nicky Romero

Visto essa diferenciação natural no aprendizado durante as aulas, a organização das turmas conta com dois horários no turno da manhã, e dois à tarde. As atividades ocorrem de segunda à quinta-feira, divididas em níveis, conforme explica Denise: “Entre as atividades que são oferecidas, primeiro (acontece) a adaptação ao meio líquido. Aí, quando a criança desenvolveu a adaptação ao meio líquido, ela teve intimidade com a água. Aí sim, nós vamos dividir as turmas. Passar a criança para o primeiro, segundo estágio, terceiro, quarto, até atingir um aperfeiçoamento, onde a gente já começa a trabalhar com um treinamento de performance, a gente já consegue transformar aquele aluno de adaptação em um atleta. Mas isso aí tudo requer também o perfil do aluno para seguir e chegar a ser um atleta.”

Questionada sobre planos e o futuro do programa, ela cita a força que o sucesso do primeiro Festival de Natação, ocorrido em maio, deu para a continuação das aulas e para a montagem de uma equipe para participação em competições. Além disso, dada a lotação máxima e grande procura por vagas no projeto, a professora comenta a necessidade e vontade de um espaço maior para poder atender mais jovens e crianças da região: “O Nado Bem é um projeto maravilhoso, tem um ano que a gente está atuando nele. Estamos trabalhando agora uma forma de manter alguns alunos,  eles serão nossos futuros atletas. A gente quer participar de competições, levar essas crianças para conviver com outras. Então, meus planos são colocar mais crianças para nadar, e um espaço maior. Os planos que eu tenho para o futuro são esses, é buscar o melhor para eles”.

Para inscrição no Projeto Nado Bem, basta autorização do responsável legal e entrega de alguns documentos listados mediante contato. Denise adianta uma previsão de abertura de vagas agora em outubro e indica acompanhar a divulgação nas redes sociais da ARCOM-SC e nas rádios da cidade.

Serviço

Para saber mais sobre o projeto Nado Bem e as inscrições acesse o Instagram @arcomsc.nadobem ou o site arcomsc.ong.br , ou ligue para (32)99815-8221.

Para mais informações sobre os demais projetos da ARCOM-SC, acesse o site: arcomsc.ong.br/projetos ou o Instagram @arcomsc