Por Miguel Alves e Tomaz Jaeger

Hoje, dia 30 de setembro, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São João del-Rei celebra mais um aniversário. A data especial marca não apenas a trajetória local da instituição, mas também a força de um movimento que, desde sua fundação em 1954, impactou a vida de milhões de pessoas com deficiências no Brasil. Originada a partir da mobilização de pais e profissionais que sonhavam com um futuro mais inclusivo, a rede APAE cresceu junto à luta contra o preconceito e a exclusão social que atingiam e ainda atingem inúmeras famílias brasileiras. O que começou como uma iniciativa comunitária, se expandiu até se tornar a maior rede de defesa e garantia de direitos da América Latina, presente atualmente em mais de 2.200 municípios do país.

De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, cerca de 23,9% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Dando atenção a esses dados, a APAE atua nas frentes de saúde, educação, assistência social e inclusão no mercado de trabalho, podendo oferecer um apoio integral que vai muito além do acolhimento. Somente em 2022, a rede realizou mais de 23 milhões de atendimentos em todo o Brasil. Em São João del-Rei, a APAE tem um papel essencial na promoção da cidadania e na luta contra as desigualdades sociais, oferecendo serviços que garantem dignidade e oportunidades a centenas de famílias da região das Vertentes. A instituição é reconhecida não apenas por seu trabalho técnico e educacional, mas também pela proximidade com a comunidade local, mobilizando voluntários, parceiros e apoiadores em prol de uma sociedade mais justa.

Ao longo de sua história, a APAE construiu uma sólida relação de confiança com os brasileiros. Diversas vezes premiada pela Revista Seleções como “Marca de Confiança”, a entidade reafirma ano após ano o compromisso com a transparência, a eficácia de seus programas e a defesa incansável dos direitos das pessoas com deficiência. Neste ano, o aniversário da APAE em São João del-Rei é também uma oportunidade de reconhecer a relevância dessa instituição que, diariamente, transforma vidas e, consequentemente, a sociedade. Mais do que uma comemoração, este é um momento de reflexão acerca da necessidade da participação de toda a comunidade no trabalho pela igualdade e respeito às diferenças.

Setembro verde

Criada pelo Ministério da Saúde em 2015, a campanha Setembro Verde busca dar visibilidade à luta pela inclusão da pessoa com deficiência (PCD). O nono mês foi escolhido para coincidir com o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado no dia 21. A cor verde, selecionada por simbolizar a esperança e a vida, representa também o desejo de uma sociedade mais inclusiva e acessível.

A ação nacional reforça a necessidade de garantir o bem estar dessa parcela da população. No Brasil, 18,6 milhões de pessoas declararam ter alguma deficiência, o que corresponde a 8,9% de todos os brasileiros, segundo dados do IBGE de 2022. Esses números mostram a urgência de discutir acessibilidade, educação e acesso médico em todos os espaços.

Apesar dos avanços, a inclusão continua baixa. Entre as pessoas deste grupo com 25 anos ou mais, apenas 7% concluíram o ensino superior, enquanto mais da metade não finalizou a educação básica. No mercado de trabalho, a desigualdade permanece, a taxa de participação é de 26,6%. Nesse sentido, a baixa escolaridade e a falta de acessibilidade resultam em menores salários e oportunidades.

A campanha Setembro Verde, portanto, ultrapassa a comemoração de avanços e persiste na conscientização. Ela incentiva a sociedade em geral a combater o preconceito, valorizar a diversidade e se apoiar no espírito comunitário. Mais do que dar visibilidade, é preciso transformar o discurso em práticas que assegurem dignidade, autonomia e participação plena para as PCD.