Por Rafael Silviano

Foto: Reportagem VAN (Gabrielli Caldeira)

São João del-Rei acordou diferente no dia do seu aniversário de 312 anos. As ruas de pedra parecem guardar ainda mais histórias do que de costume, como se cada passo lembrasse ao morador que a cidade não é só cenário, é personagem. No vai e vem apressado do Centro, entre buzinas, sinos e conversas atravessadas, a celebração se mistura com a rotina, mostrando que aqui o passado e o presente andam juntos, sem pedir licença.

As igrejas, com seus altares dourados e fachadas imponentes, continuam sendo cartões-postais vivos dessa cidade barroca. A Catedral do Pilar, a Igreja de São Francisco e tantas outras não são apenas pontos turísticos: são lugares de encontros, de fé e de memória. Ao redor delas, os casarões antigos resistem ao tempo, enquanto as janelas parecem observar, silenciosas, as mudanças de geração em geração.

Mas São João del-Rei não é feita só de pedra, madeira e sino. Ela também é feita de gente. Gente que conversa alto na feira, que se cumprimenta na esquina, que reclama do trânsito e elogia a comida do restaurante do bairro. O povo são-joanense carrega um jeito próprio de viver, simples e acolhedor, como quem já aprendeu que viver em cidade histórica é conviver, todos os dias, com a lembrança do que já foi.

Nos trilhos da Maria-Fumaça, que ainda corta parte do caminho até Tiradentes, vai muito mais do que um passeio turístico. Vai a memória de um tempo em que o trem era o principal elo com outras cidades, levando sonhos, mercadorias e despedidas. Hoje, ele leva também fotos, curiosidade e orgulho de quem vê naquela fumaça um pedaço da própria identidade.

As repúblicas estudantis, os bares cheios à noite e os eventos culturais mostram que São João del-Rei também é jovem. A cidade universitária pulsa entre livros, músicas, debates e festas, criando novas histórias sobre um chão antigo. É nesse contraste entre o novo e o velho que a cidade se reinventa, sem perder a essência.

Aos 312 anos, São João del-Rei não é apenas uma data no calendário, mas um conjunto de afetos, memórias e resistências. É a cidade que ensina história fora do livro, que constrói relações no cotidiano e que mostra, a cada aniversário, que patrimônio não é só o que se vê, mas também o que se sente. E talvez seja isso que faça dela mais do que um lugar: um sentimento compartilhado entre quem nasce, chega e fica.

Confira agora aspectos que detalham o cotidiano, o território e povo são-joanense!

Fotos por: Rafaela Tarsitani, Lucas Simões e Gabrielli Caldeira