Por Ana Julia Barbosa

“Gostaria de destacar a importância do cursinho popular como espaço de transformação social e democratização do acesso à educação”

– Júlia Teixeira

Nesse 15 de outubro, celebramos o Dia dos Professores. Uma data que já nos faz refletir sobre a importância desses profissionais para a sociedade como um todo. Mas e quando esses também fazem parte de trabalhos sociais? Como será a vivência desses docentes em projetos que ajudam jovens de baixa renda a chegar a uma universidade pública?

O Cursinho Popular Edson Luis (CPEL), localizado em São João del-Rei, é composto por estudantes da graduação da Universidade Federal de São João del-Rei, que auxiliam jovens da região interessados em ingressar em uma universidade pública através do ENEM. Com aulas de todas as disciplinas exigidas pelo concurso, os discentes do CPEL aprendem com os futuros professores.

Júlia Teixeira, graduanda em Geografia, é um desses jovens educadores. Ela comenta que seu gosto pelo ensino surgiu logo cedo: “Meu interesse pela área surgiu ainda no ensino fundamental, quando comecei a nutrir o desejo de ser professora”. Também compartilha que se inspirou em educadoras que marcaram positivamente sua trajetória.

O gosto específico pela Geografia surgiu de forma mais clara no curso popular, pois, segundo ela, um professor fez ela enxergar a matéria para além dos conteúdos tradicionais. “Essa experiência despertou em mim o desejo de seguir na área e atuar como educadora”, conta.

Julia conheceu o cursinho em sua escola, e foi aluna do projeto durante 2020 e parte de 2021, o que, segundo ela, foi um “período foi essencial para formação”. Ela diz que, quando ingressou na UFSJ, fez um “combinado interno” de que voltaria para o cursinho, mas agora como parte do corpo docente: “A motivação principal era poder retribuir tudo o que o cursinho representou para mim, ser, de alguma forma, para outros educandos, a diferença que o projeto foi na minha trajetória.”

Já em sala de aula, ela comenta sobre como é estar dando aula, ela diz que chamou sua atenção o engajamento dos educandos.“Eu já estava em sala de aula por meio do estágio supervisionado, onde muitas vezes percebia alunos desmotivados pelo próprio sistema educacional. No cursinho, encontrei um ambiente de entusiasmo, participação e troca verdadeira, com estudantes que, mesmo diante de dificuldades, demonstravam vontade de aprender e transformar suas realidades.” 

Nesse momento, a educadora aponta como uma das grandes dificuldades a evasão escolar, que ocorre porque muitos trabalham e têm dificuldade de conciliar outras responsabilidades com os estudos. Ela também comenta que a infraestrutura é uma dificuldade, pois nem sempre as salas disponibilizadas possuem boas condições. Apesar disso, ela encontra muitas alegrias em ser professora. Diz ela que ver o progresso dos educandos ao longo do tempo é o mais gratificante de sua futura carreira.

Lidiane, atual docente de História do CPEL, acrescenta também sua perspectiva sobre sobre os desafios diários: “sem dúvidas, a maior dificuldade é fazer com que os educandos se sintam pertencentes e que compreendam qual o sentido do nosso cursinho”. Ela, no entanto, revela que em sala se reconhece e se sente feliz: “Em sala de aula me encontrei, Foi no momento que assumi a disciplina de história que consegui me enxergar enquanto professora e entender que era isso o que eu queria fazer.”

Por fim, a jovem professora destaca que ser educadora popular é ser resistência e esperança, e depois agradece:

“Obrigado ao CPEL por me ensinar a ser instrumento de transformação no mundo!”

Ambas entrevistadas nos fazem pensar sobre como a educação transforma, sobretudo em ambientes de democratização do ensino. Os cursinhos populares valorizam cada profissional que se dedica a este dom de transmitir conhecimentos e, nós da VAN, aqui também expressamos os nossos agradecimentos.Feliz Dia dos Professores!