Tarifa Zero em São João del-Rei: Gratuidade amplia o acesso, mas população cobra melhorias
Por Felipe Rocha e Rafael Alonso

Desde junho de 2025, o transporte público de São João del-Rei passou a operar sob o programa Tarifa Zero, que garante gratuidade nas passagens de ônibus urbanos e distritais operados pela Viação Presidente. A iniciativa, instituída pela Prefeitura e aprovada pela Câmara Municipal, tem como objetivo ampliar o acesso à mobilidade, tornando o sistema mais inclusivo.
Com o transporte gratuito, o fluxo de passageiros aumentou de forma significativa e, junto com os benefícios, surgiram também novos desafios. A equipe da Vertentes Agência de Notícias ouviu usuários, um motorista e o secretário municipal de Segurança e Mobilidade para entender como a população tem avaliado os primeiros meses do programa.
A auxiliar de serviços gerais Romilda Alves afirma que o transporte gratuito trouxe um alívio para o bolso, especialmente para quem mora nas partes mais altas da cidade. “Ajuda muito por ser gratuito, principalmente o pessoal que mora no morro”, destaca. Apesar do reconhecimento, ela aponta falhas: “Melhoraram alguns horários, mas o ônibus que vai pra creche do Bonfim precisa melhorar, principalmente de manhã.” Romilda também reclama da manutenção dos veículos e da “bagunça dos adolescentes” dentro dos coletivos.
Já a dona de casa Gláucia Tatiana considera que o serviço “continua o mesmo” desde a implantação da Tarifa Zero. Para ela, o principal problema é o tempo de espera nos pontos e a lotação nos horários de pico. “Precisava aumentar os horários, porque, dependendo da hora, o ônibus vem cheio demais”, avalia.
Por outro lado, há quem perceba avanços. A faxineira Aparecida Geralda de Oliveira Reis afirma que o transporte melhorou e que houve aumento no número de ônibus em circulação. “Está bem melhor. Para o Bengo, por exemplo, agora tem mais ônibus, inclusive no domingo, que antigamente não tinha”, comemora.
Do lado de quem conduz os veículos, a mudança também é sentida. Um motorista da Viação Presidente, que preferiu não se identificar, relata que a rotina de trabalho ficou mais intensa após o aumento no número de passageiros. “O movimento aumentou bastante”, contou. Para ele, o principal desafio diário é o trânsito, e uma melhoria essencial seria “mais educação nas ruas”, tanto de motoristas quanto de pedestres.
À frente da gestão do sistema, o secretário de Segurança e Mobilidade, Coronel Sandro Édson do Nascimento, confirma que a Prefeitura planeja realizar uma licitação para definir a empresa que continuará responsável pelo transporte público. Ele garante que, mesmo após o processo, a gratuidade será mantida. “Os documentos estão sendo elaborados, e, tão logo estejam prontos, será realizada a licitação. A continuidade do programa Tarifa Zero está garantida”, afirmou.
Segundo o secretário, a Prefeitura vem realizando fiscalizações diárias nos veículos e nos horários, com o objetivo de ajustar o sistema à crescente demanda. “Novas linhas estão sendo implantadas e os quadros de horários estão sendo revisados para melhorar a eficiência”, explicou.
Em relação às queixas dos usuários, como manutenção precária e superlotação, Sandro afirma que a empresa está sendo notificada regularmente e que há cobrança por manutenção preventiva dos veículos. “Quando constatamos lotação excessiva, solicitamos reforço nos horários de maior utilização”, completou.
Nos bairros e nas conversas nos pontos de ônibus, a percepção é de que o Tarifa Zero foi uma conquista importante, mas que o sistema ainda passa por um período de adaptação. A população celebra o direito de ir e vir sem pagar, mas espera mais pontualidade, conforto e cuidado com os ônibus.
Se mantido com eficiência e transparência, o programa pode se consolidar como uma política pública duradoura, capaz de unir inclusão social e melhoria da mobilidade urbana.