Com a paralisação das atividades, muitos estudantes têm retornado para sua cidade natal

Por Júlia Resende e Luciana Lopes

Imagem ilustrativa estudos
Foto: Reprodução/AdobeStock

Grande parte dos estabelecimentos de São João del-Rei recebem diariamente muitos estudantes da UFSJ, fato que, consequentemente, categoriza tais estudantes como importantes membros da economia local. No entanto, em 17 de abril foi aprovada a adesão dos professores à greve nacional da categoria e, em 22 de abril, as atividades foram paralisadas. Sem aulas e sem previsão de volta, parte dos estudantes optaram por retornar à cidade natal e deixar São João del-Rei por um tempo.

Com isso, é necessário uma readaptação de diversos serviços voltados às demandas dos universitários. O Restaurante Universitário (RU), por exemplo, continua atendendo os estudantes que permaneceram na cidade, mas passou por mudanças na rotina. No RU do Campus Santo Antônio, houve demissão de funcionários e redução no horário que o estabelecimento fica aberto para almoço, além da consequente diminuição da produção e venda de refeições. 

Já a Viação Presidente, empresa responsável pelo transporte coletivo urbano de São João, diminuiu a quantidade de horários disponíveis para a linha que leva estudantes para o Campus Tancredo Neves (CTan). Em aviso encontrado no site da empresa é destacado certos horários válidos somente durante o período de greve. 

Horários de ônibus da Viação Presidente com saída da Praça da Biquinha para o Ctan.
Horários da linha 15 (rota Biquinha – CTan) da Viação Presidente. Fonte: Viação Presidente.

Outros serviços essenciais, utilizados por grande parte da população, como supermercados e farmácias, a diferença de fluxo durante o período de greve da universidade não é tão nítida. No entanto, em bairros com grande número de moradores que são estudantes, como Matosinhos, Centro, Tejuco, Bonfim e Dom Bosco, estabelecimentos cujas atividades são voltadas, principalmente, para lazer e bem-estar, a diminuição de clientes foi evidente para  funcionários e proprietários.

Para Carlos Roberto Pantanal e Maria do Carmo Andrade, proprietários do Bar Pantanal, durante a greve, houve uma queda de 30 a 40% do movimento. O bar, localizado no Centro, é famoso entre os estudantes e recebe grande público universitário às quartas-feiras e nos finais de semana. Carlos ressalta que o movimento depende muito do funcionamento da universidade. Eles também são donos do Restaurante Pantanal, mas afirmam que não houve diferença de demanda, já que atendem variados públicos e entregam marmitas por delivery. 

Em duas das três sorveterias procuradas, todas localizadas no Centro, os funcionários afirmaram que a frequência dos clientes caiu muito. Em uma delas, medidas de contenção de gastos já estão sendo estudadas para a manutenção do estabelecimento. Já no cinema da cidade, houve a redução de público presente nas sessões, fato que, segundo o proprietário, sempre é observado nos períodos sem aulas na UFSJ. 

Daniella Teixeira, funcionária de uma loja de produtos de beleza do Centro, notou que não atende estudantes com muita frequência desde o início da greve. “Muitos calouros, com aquelas plaquinhas, vinham aqui. Agora, não os vejo mais aqui na loja”, destaca a vendedora. Algumas academias também sentiram os efeitos da greve e tiveram matrículas trancadas ou canceladas, além da diminuição de alunos presentes durante os treinos. 

Em nota, o Hemonúcleo de São João del-Rei da Fundação Hemominas, também declarou que foi observado uma queda e mudança no perfil das doações, constatado principalmente nas ligações para convocação de doadores.