Texto: Ana Luiza Vieira, Samantha Souza, Susane Costa e Kátia Cilene

Revisão: Samantha Souza

Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e escritor brasileiro, que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX. Escritor militante, como ele mesmo se definia, Lima Barreto professou ideias políticas e sociais à frente de seu tempo, com críticas contundentes ao racismo (que sentiu na própria pele) e outras mazelas crônicas da sociedade brasileira.

Natural da cidade do Rio de Janeiro, nascido em 13 de maio de 1881, sendo seus pais João Henriques, tipógrafo, e Amália Augusta, professora e escrava liberta, que escolheram como padrinho de Afonso o Visconde de Ouro Preto, senador do Império.

Faleceu em 1922, depois de diversas internações em hospitais psiquiátricos por causa de sua constante depressão e alcoolismo. Não se casou e não teve filhos.

Mesmo tendo ocorrido a abolição da escravatura no dia do seu aniversário de sete anos, as marcas do preconceito e as dificuldades de inclusão dos negros e mulatos sempre foram retratadas por Lima Barreto em suas obras. O escritor começou suas obras em 1900, com registro para o livro Diário Íntimo, onde relatou suas impressões sobre a cidade do Rio de Janeiro e a vida urbana. Em 1905, Lima Barreto começa a escrever reportagens que eram publicadas no Correio da Manhã.

Para muitos estudiosos, Lima Barreto deve ser estudado como pré-modernista, por sua visão consciente da realidade brasileira. Nos seus romances, percebe-se elementos autobiográficos, pois suas experiências aparecem transpostas em alguns personagens, principalmente negros e mestiços, que sofrem com o preconceito racial.

Lima Barreto: Uma breve biografia
Limas Barreto: o intelectual visionário – Fonte: http://www.pordentrodaafrica.com/

As obras desse escritor apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos.

Em seu livro mais conhecido, Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), o autor transpôs para a ficção importantes acontecimentos da república brasileira, como a crítica ao nacionalismo exacerbado e utópico, característica muito cultivada pelo romantismo no século XIX. Ainda nessa obra, critica o autoritarismo militar resultado da ditadura implementada por Floriano Peixoto.

Já em Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), há uma forte denúncia sobre o racismo, além da crítica à imprensa brasileira. Assim, conhecemos a história de Isaías Caminha, um jovem negro do interior, que tinha o sonho de ser bem sucedido no Rio de Janeiro. No entanto, sua trajetória é marcada pelas dificuldades impostas pela cor, mesmo após a abolição da escravatura.

Outra obra importante é Clara dos Anjos, finalizada em 1922 (ano da morte do autor) e publicada em 1948. Nela, conhecemos Clara dos Anjos, uma moça jovem mulata do subúrbio que é enganada e acaba grávida. Além da temática do racismo, também é explorado o papel da mulher negra na sociedade carioca no início do séc XX.

Outros livros importantes de Lima Barreto são: os romances Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), As aventuras do Dr. Bogoloff (1912), Numa e a ninfa (1915) e Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919); os contos Histórias e sonhos (1920); as crônicas Os bruzundangas (1922) e Bagatelas (1923); a novela O subterrâneo do Morro do Castelo escrito em 1905 e publicado pela primeira vez em 1997; e, as memórias Diário íntimo (1953) e O cemitério dos vivos (1956).