Projetos sociais dão exemplo de cidadania em Entre Rios de Minas
Kleyton Guilherme 23 de março de 2013 | De Entre Rios de Minas
Crianças praticam Capoeira / Foto: Kleyton Guilherme |
Problemas como violência, baixa qualidade da saúde pública e educação fazem parte da realidade de várias cidades brasileiras. Fatos como esses têm, nos últimos anos, motivado a criação de projetos sociais que visam proporcionar uma melhoria na qualidade de vida de pessoas e comunidades. A cidade de Entre Rios de Minas, localizada a aproximadamente 120 km da capital mineira, conta com alguns projetos sociais que buscam conscientizar jovens e adolescentes a trilharem melhores caminhos em suas vidas.
Wesley Otoniel é graduado em Educação Física pela Faculdade Santa Rita (FASAR) e coordena o Projeto Origens desde o ano de 2005, quando ainda fazia um estágio na Escola Estadual “Pedro Domingues”. A fim de trabalhar a cultura e resgatar as origens brasileiras, o voluntário ensina capoeira para cerca de 30 alunos com faixa etária entre sete e quinze anos. De acordo com o coordenador do projeto, cerca de trezentos alunos já passaram pelo “Origens” ao longo de seus oito anos de existência.
Os encontros acontecem todos os sábados, no período da manhã. A motivação para instruir o projeto toda semana, segundo Wesley, é fazer com que a capoeira não morra na cidade. “Ao manter essas crianças e adolescentes no projeto, além de fazer bem para a saúde e autoestima delas, evita o contato com a rua e, consequentemente, com fatores de risco como as drogas, por exemplo. Desta forma, o projeto auxilia não só os membros diretos, mas também suas famílias e toda a comunidade”, destaca Wesley.
O objetivo principal do “Origens” não é formar apenas capoeiristas, e sim cidadãos. E neste quesito, o projeto cumpre muito bem o seu papel. Kamily Resende é uma das alunas e conta que o projeto funciona como uma espécie de “comportômetro” — ou seja, medidor de comportamento — em sua casa. Para que possa participar do encontro ao sábado, é preciso estar em dia com as tarefas de casa e deveres da escola.
Entrerriense F. C. / Foto: Arquivo Pessoal de Rosely Nadalin |
Assim como o professor Wesley Otoniel, o aposentado Rosely Nadalin também teve a iniciativa de se voluntariar e coordenar um projeto social na cidade de Entre Rios de Minas. Rosely assumiu a função de treinador das categorias mirim e juvenil na escolinha de futebol Entrerriense Futebol Clube em setembro de 2005, após receber o convite de Osmar Pereira, na época, técnico das categorias “fraldinha” e “dente de leite” do clube.
O espírito de solidariedade e cidadania do aposentado parece ser também um fator genético. Isso porque seu filho, Martineli Cruz, também resolveu embarcar no projeto e atuar como coordenador ao lado de seu pai. Juntos, os dois somam aproximadamente 370 alunos ao longo de toda a existência do projeto e contam, atualmente, com cerca de quarenta alunos frequentes, com faixa etária entre 14 e 17 anos.
Rosely Nadalin diz que a escolinha funciona como uma espécie de terapia para ele. Além do gosto por futebol, o aposentado considera o trabalho voluntário gratificante, sentindo-se ainda mais motivado pelo respeito e dedicação de seus alunos. Aliás, a dedicação deles é tanta que já rendeu ao currículo do clube não só muitas amizades e parcerias com o comércio, prefeitura e amigos na cidade, mas também o Troféu Disciplina no Campeonato Regional Liga-Lafaiete, no ano de 2010.
Seja no futebol ou na capoeira, o fato é que Entre Rios de Minas parece estar bem representada quando o assunto é projeto social. Cumprindo o seu papel de melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes, tanto o professor de Educação Física Wesley Otoniel, quanto o aposentado Rosely Nadalin e seu filho Martineli Cruz, estão certos de que o trabalho não pode parar e pretendem continuar o voluntariado em busca de uma sociedade melhor.