Dia do Trabalho reflete tensão da classe trabalhadora após protestos
Primeiro de maio e o clima de tensão que marca o feriado desse ano.
Depois de atos em São João del-Rei contra as novas reformas do governo, feriado ainda é de reflexão. Assim como em cidades por todo o país, a Greve Geral na última sexta-feira (28/04) mobilizou sindicatos, coletivos e movimentos estudantis que junto à classe trabalhadora sanjoanense ecoou os gritos do protesto por todo o fim de semana e o início da posterior, isso devido à proximidade a um dia de importante significado para os trabalhadores.
Em conversa com Luan Ariel Sigaud (28), professor de Geografia e diretor de formação do Sind-UTE MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) de São João del-Rei, ele explica essa tensão vivida por trabalhadores da região e dá seu parecer ao atual cenário crítico em que a classe trabalhadora do país se encontra, mais precisamente o setor de serviços: “A classe trabalhadora brasileira em geral passa por um momento onde a elite política, a elite financeira, e setores da grande mídia tem se juntado e orquestrado uma grande ofensiva contra os direitos e pela precarização dos trabalhadores do país, e em São João del-Rei não é diferente”
Luan ainda afirma que essa ofensiva tem raízes históricas e vem se intensificando desde 2013, quando vários postos do setor metalúrgico brasileiro fecharam as portas, inclusive na região das vertentes. Além do desemprego, o professor cita o congelamento de investimentos na região que agrava ainda mais o quadro geral. Exemplo disso na cidade é o tradicional Inverno Cultural que há alguns anos sofre com a diminuição dos investimentos para sua realização.
Sobre seu sindicato, o qual teve significativa participação nos últimos protestos contra as reformas, Luan revela os planos para o Dia do Trabalho desse ano: “O Sind-UTE tem a tradição de ir nessa data para Belo Horizonte compor as atividades estaduais, esse ano vai ser diferente, pois a pouco tempo realizamos um congresso extraordinário da nossa central a CUT, então não temos agenda estadual esse ano, no entanto temos também a prática de ir na atividade que o sindicato dos metalúrgicos realiza na cidade: um torneio futebol.”
Já as frentistas Sueli, 38 anos, e Bianca, 25 anos, que trabalham inclusive nesse feriado, disseram que não puderam participar, mas que apóiam os protestos contra as reformas. Sueli tem uma filha de 13 anos e se diz preocupada com os rumos que o país tem tomado: “Se continuar do jeito que está, não sei que futuro minha filha vai encontrar”. Quando questionada sobre o desemprego na região, revelou que, recentemente, o posto de gasolina onde trabalham recebeu mais de 100 currículos para uma vaga de frentista. Bianca ainda completou: “conheço muita gente procurando uma vaguinha pra fazer faxina, e tá muito difícil de encontrar”.
O Dia do Trabalhador, como os sindicatos preferem nomear o feriado, pode ser considerado um dia histórico de luta onde a classe trabalhadora tem comemorado lutas históricas e ao mesmo tempo marcado por lutas atuais, nesse caso, contra as reformas do governo Temer.
Texto/VAN: Sagner Alves