O pão de queijo e a cultura de toda uma região
De tão querido, o pão de queijo ganhou uma data só dele: 17 de agosto
Nascido no seio de Minas, entre os morros que protegem nossa terra, o pão de queijo, hoje sinônimo da identidade cultural do estado, tem raízes antigas que refletem a história do país como um todo. A receita foi se difundindo até tornar-se popular e querida, não só no Brasil, mas no exterior também. No dia 17 de agosto, comemora-se o Dia do Pão de Queijo, produto importante do ponto de vista social e também nutricional, por ser leve e não conter glúten.
A data do aparecimento do pão de queijo é bem incerta. Algumas fontes alegam que começou a ser fabricado por volta do século XVIII. Outras dizem que a receita inicial foi elaborada por escravos no século XIX, devido à grande oferta de alimentos como queijo, leite e ovo. O fato é que o produto popularizou-se na década de 1950. Atualmente, empresas especializadas formam um mercado lucrativo, que engloba até mesmo a exportação do nosso querido pão de queijo.
Em Minas Gerais, é quase impossível achar uma lanchonete que não tenha um belo pão de queijo na estufa. Com o passar do tempo e a difusão da receita, o produto começou a ser fabricado em outros estados e também no exterior. Andréa Paolucci, mestre em Ciência dos Alimentos, conta que vários fatores contribuíram para essa popularização: “principalmente, as características de sabor, textura, versatilidade de acompanhamentos do pão de queijo e conveniência de utilização em qualquer refeição”.
Mas o que torna o produto feito em Minas Gerais tão diferente dos outros? A diferença está justamente no queijo. Andréa explica que todas as interferências físico-químicas do produto final, como o sabor e a textura, sofrem influência da qualidade do queijo. Por isso, até mesmo as características do solo, que são passadas para a pastagem do gado que produz o leite, são importantes para se fazer um bom pão de queijo.
É certo que o estado de Minas é conhecido pela qualidade do pão de queijo. E essa iguaria tem importância não só econômica, mas também sociocultural para a região, uma vez que a cultura de um povo engloba também seus traços comportamentais e alimentícios. Andréa declara que “as questões socioculturais vêm dos costumes, valores da população de cada região, entre eles a alimentação; no caso, os costumes do mineiro de aproveitamento de sua produção com diversificação das formas de utilizar as matérias-primas elaboradas”.
Irene Pires da Luz é proprietária de uma lanchonete que produz pão de queijo, em Barbacena, há 38 anos. Dentre um mundo de produtos que são oferecidos, como lanchões de variados sabores, roscas e broas, Irene conta que o pão de queijo continua sendo o carro-chefe. São produzidos, em média, 300 pães de queijo diariamente e ofertados para consumo tanto na sua forma simples, como também com recheio. Ainda há promoções que tornam o preço ainda mais acessível. Tudo isso mostra que consumir pão de queijo já faz parte da rotina dos moradores do estado.
Quem prova o pão de queijo de Minas nunca esquece. Rita de Cássia, mineira que já morou em três estados diferentes, fala que tem o hábito de comer o produto, mas não com a frequência que gostaria. Além disso, conta que o nosso pão de queijo difere-se muito daquele produzido em outras regiões: “o sabor é mais gostoso, a textura, o tamanho”. Muito fã do nosso querido, Rita declara: “impossível ir em Minas e não comprar um pão de queijo”.
TEXTO/VAN: Ana Carolina Rodrigues