“Leve poesia, afeto, canção. PS: não esqueça o violão”
Sarau Vira Lata faz das ruas de Barbacena um espaço para cultura
Antigamente, regados a vinho e erudição, os saraus eram destinados apenas às classes altas da sociedade, coisa de “gente rica”. Hoje, porém, a situação já não é mais a mesma, e iniciativas populares trabalham para democratizar ainda mais o acesso aos encontros poéticos. Em Barbacena, o Sarau Vira Lata leva cultura às ruas com muita música e poesia.
Nascido em Belo Horizonte, o Sarau Vira Lata foi levado para Barbacena em 2013, por meio do contato de Radha Damodara com o idealizador do projeto, Kdu dos Anjos. “Eu e Kdu somos amigos há bastante tempo e, quando surgiu a vontade de fazer um movimento literário e poético por aqui, eu comentei com ele e foi dele a ideia de trazer o Vira Lata para cá”, conta.
Hilreli Alves, outro responsável pelo Sarau em Barbacena, explica que o início do projeto foi complicado. Mas, com o tempo, a ideia se consolidou e ganhou visibilidade no município. “Na primeira edição, havia só sete pessoas. E foi a partir daí que resolvemos abrir e chamar mais gente, não pensando em volume, mas em ampliar as trocas”, avalia.
Além disso, o diferencial do Vira Lata, que é a ocupação dos espaços públicos, torna ainda mais fácil o acesso da população ao movimento, o que contribuiu para sua popularização na cidade. “É bem democrático, qualquer um pode se permitir viver essa experiência”, enfatiza Hilreli.
Nos primeiros dois anos, o encontro acontecia a cada quinze dias, nas praças, na estação de trem ou em qualquer outro lugar tranquilo para se levar um violão, um barbante para pendurar os poemas e muita disposição. “É um evento em que as pessoas declamam poesias e cantam canções… Dividem experiências, compartilham momentos.”, conta Hilreli. Com o aperto da vida cotidiana e a dificuldade dos idealizadores de conciliarem o movimento com outros projetos, atualmente o Sarau não tem data certa e acontece quando “a saudade aperta”.
Para Radha, o evento, além de permitir o encontro harmonioso de pessoas de várias tribos diferentes, tem também grande importância sociocultural para a cidade. “O sarau traz à tona muitos sentimentos e assuntos importantes que passam despercebidos no dia a dia”, destaca.
Ao longo dos anos, o movimento foi ficando cada vez mais conhecido na cidade e hoje os encontros contam com dezenas de pessoas. MaFe Sad acompanha o sarau desde a sua segunda edição e o vê como ponto de encontro do público jovem para compartilhar conhecimentos. “Eu acho que a importância do sarau vem como fomento, rotatividade e troca de culturas”.
TEXTO/VAN: Ana Carolina Rodrigues