Alberto Lopes: o olhar por trás da exposição fotográfica “Vida de Interior”
Coletânea de fotos mostra a vida do interior de Minas Gerais pelas lentes de um tiradentino
“Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar… as janelas olham”, uma vida já narrada em poema do mineiro Carlos Drummond é registrada pelas lentes de Alberto Lopes. A exposição “Vida de Interior” é composta por 45 fotografias, em tom poético, sobre o cotidiano de cidades do interior de Minas Gerais, como Tiradentes e São João del-Rei. O acervo é exposto no Centro Cultural Yves Alves, no SESI Tiradentes, e pode ser apreciado até hoje (30), entre as 9h e 22h.
“Vida de Interior” reúne tudo o que Alberto produziu durante seis anos. A maioria das fotos, principalmente de Tiradentes, sua cidade natal, contempla novos ângulos de paisagens rotineiras, mesmo da periferia da cidade, revelando “segredos” pelos olhos de um morador. “A ideia é mostrar um pouco da delicadeza e da poesia que existe ao nosso redor, mesmo com toda a correria do dia a dia. Com atenção, é possível apreciar belos momentos”, declara.
A vida com as lentes
O tiradentino Alberto Lopes, além de assistente de produção cultural no SESI Tiradentes, é fotógrafo desde 2010 e printer, dono do próprio laboratório de impressão fine art, há aproximadamente um ano e meio. Ele considera que sua paixão natural por cinema, fotografia e literatura vem desde a infância, quando consumiu muitas imagens através de livros e filmes.
A carreira como fotógrafo regular começou há apenas seis anos por pura curiosidade; para ele, “acaso”. Com uma câmera compacta e antigos manuais de fotografia, em tentativas e erros, ele “tomou gosto” pela fotografia e nunca parou de buscar novos conhecimentos. “Bom, acho que não tive muita inspiração para começar. Sempre gostei de fotografia, tanto ver quanto produzir, mas nunca pensei seriamente em ser fotógrafo”, conta.
A ideia de ter o próprio laboratório surgiu mais recentemente, após um festival de fotografia em Tiradentes. Imprimir o próprio trabalho e ter controle das cópias foram os motivos que o levaram à montagem do estúdio de fine art (um processo de impressão de qualidade com boas impressoras, pigmentos minerais e papéis de fibras naturais ou alfa-celulose, garantindo fidelidade nas reproduções e durabilidade). Atualmente, é o único da região a trabalhar com esse procedimento. “Realmente, lugar de foto é no papel”, postou o autor no Facebook.
“Vida de Interior é a quinta exposição na carreira de Alberto, sendo a quarta de fotografia. Há dez anos, ele também já expôs desenhos. Hoje, percebe o reconhecimento de seu trabalho por meio da publicação de suas fotografias em livros e jornais e também pela venda de algumas. Ser um dos printers oficiais do Foto em Pauta, em 2016, marcou sua carreira.
Para o futuro, Alberto tem um desejo: “viver de fotografia, seja como fotógrafo ou printer”. Desejo não muito diferente de outros profissionais da área.
TEXTO/VAN: Graziela Silva