O orgulho LGBT e as dificuldades de quem faz parte da minoria

Bandeira LGBT na para do Orgulho em Madrid. FOTO: WikiMedia Commons
Bandeira LGBT na para do Orgulho em Madrid. FOTO: WikiMedia Commons

Cresci vendo a música I Will Survive, da Gloria Gaynor, ser associada ao movimento LGBT. Do alto da minha infância, sem nenhum conhecimento em inglês, acreditava que a conexão da canção com a comunidade se restringia à batida oitentista do auge da disco music e das boates do meio.

Mais do que traduzir, precisei sentir o significado da letra para entender que, pelo menos na ótica LGBT, aquela música era muito mais do que apenas sobre uma mulher recém- abandonada pelo companheiro. Era sobre resistência. Eu vou sobreviver.

No último dia 28 de junho, foi celebrado, em todo o mundo, o Dia Internacional do Orgulho LGBT. A data faz referência à Rebelião de Stonewall, manifestações espontâneas de membros da comunidade em contraponto a uma invasão da polícia de Nova York ao bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, nos Estados Unidos, no ano de 1969. Para além das comemorações, a data reforça a palavra “orgulho” como antônimo de “vergonha”.

Celebrar o orgulho LGBT é colocar em pauta as questões que por anos, décadas e até mesmo séculos, a sociedade deixou de lado, em detrimento do bem-estar de milhões de pessoas que se sentiram e ainda se sentem sozinhas e deslocadas dentro de suas casas, escolas, trabalhos e países. Embalados pela letra de I Will Survive, lembramos que “enquanto eu souber como amar/eu sei que permanecerei viva”.

Sob as cores do arco-íris, a luta por igualdade se intensifica. Segundo o levantamento anual feito pelo Grupo Gay da Bahia, apenas em 2014 foram documentadas 326 mortes de gays, travestis, transgêneros e lésbicas no Brasil. A média assustadora é de uma morte a cada 27 horas.

Não é fácil se identificar como parte da minoria. A homotransfobia está presente em nossas vidas em diferentes graus, fugindo das estatísticas documentais de seus dados mais extremos. Ela se encontra no massacre da boate Pulse, em Orlando, mas também se faz presente nas piadas pejorativas embaladas como humor. Ela faz morada em cada situação em que um LGBT é tratado como sinônimo de inferior.

Lutar por diretos, dentro do movimento LGBT, é encontrar uma nova família, fazer amigos e se sentir em casa. É deixar de lado, por alguns momentos, as expressões de ódio e preconceito. É expressar seu amor sem medo. É ser quem você é. É ouvir I Will Survive e entender o significado da letra.

Nas próprias palavras de Gloria Gaynor, “Eu tenho minha vida toda para viver. Eu tenho meu amor todo para dar. E eu vou sobreviver!”

 

TEXTO/VAN: Lucas Almeida

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.