O hobby que virou profissão
Maria Julieta Bassi nasceu em 24 de maio de 1949 e formou-se em Letras em 1972, pela Faculdade Dom Bosco, atual Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). No período de 1968 a 1972, foi professora no Instituto Auxiliadora e também trabalhou com alfabetização de adultos no SESI.
Esta sábia são joanense demonstra que não tem medo de deixar transparecer o orgulho pelas próprias conquistas. Sempre alegre e comunicativa, Maria Julieta possui uma bela trajetória de vida, que acabou enveredando pelo ramo artístico.
Em 1974, foi morar na Holanda, onde construiu parte de sua história. Foi lá que conheceu Anthony, com quem se casou anos depois. Celebraram o matrimônio no Brasil, em 1977, e foram morar em Belo Horizonte, onde Maria Julieta exerceu o cargo de secretária bilíngue. Um ano depois, porém, partiram para Brasília, onde residiram por três anos. Neste período, ela lecionou Português na Escola de São Carlos e nos Salesianos.
Contudo, o passar do tempo fez com que a saudade das culturas e paisagens de Minas Gerais apertasse. Sendo assim, Maria Julieta acabou voltando para seu estado de origem e novamente foi professora no Instituto Auxiliadora. A saúde debilitada de sua mãe, no entanto, fez com que se ausentasse das salas de aula e dedicasse parte de seu tempo para cuidar da família e trabalhar aos finais de semana na Casa Bassi – armazém de seu avô.
Mesmo sem exercer a profissão oficialmente, sua rotina diária não era nada fácil. Buscando atividades que aliviassem as tensões do dia dia, Maria Julieta começou a se envolver com o mundo da arte. Aproveitando o tempo disponível que tinha durante a noite, começou a produzir velas.
Retornou à Holanda com o intuito de adquirir novas técnicas de produção, porém não obteve sucesso em suas pesquisas no país, pois as técnicas da manufatura eram consideradas um verdadeiro tesouro cultural e ela pouco conseguiu descobrir. Apesar dos contratempos, resolveu voltar e manter a produção das velas e, em meio a inúmeras tentativas, acabou desenvolvendo suas próprias técnicas.
Já em 1978, foi trabalhar na gráfica da família. Inicialmente, deparou-se com dificuldades por não saber bem como operar as máquinas, habilidade que foi sendo ampliada com a prática. O novo trabalho ocupava boa parte de seu tempo, de modo que não pôde continuar com a produção das velas.
Seu primeiro contato com a cerâmica foi superficial, pois só as pintava e pouco sabia sobre o processo de produção. O trabalho era feito com peças de faiança (peças produzidas com barbotina de baixa temperatura), que eram comercializadas em uma extinta fábrica que se localizava próxima à Escola Bradesco, cuja proprietária era Lívia Zerlotini. Durante este período, fez também um curso de Vidro Fusing – técnica utilizada para moldar uma ou mais placas de vidro.
No curso, conheceu Graça, Arlete e Maria, com quem criou um vínculo de amizade que perdura até os dias atuais. As quatro amigas decidiram desenvolver um trabalho em conjunto: Graça encontrou um professor de cerâmica na cidade, em seguida entrou em contato com Maria Julieta para lhe propor o mais novo desafio.
A princípio, rejeitou a proposta, por ter consciência dos altos gastos com a produção de cerâmica, mas a insistência da amiga fez com que mudasse de ideia. Na época, não poderia imaginar que este primeiro passo mudaria o curso da sua história.
Pouco depois de iniciar o trabalho, descobriu que a cerâmica era a sua grande paixão. Impulsionada pelo prazer que a nova profissão lhe oferecia, Maria Julieta e suas amigas começaram a se reunir e buscar conhecer as diferentes possibilidades de criação do mundo da cerâmica. Passaram a frequentar exposições, fazer cursos e comprar livros sobre o assunto. Faziam também seções de barro, acompanhado de lanches e queima de Raku (técnica japonesa de queima de cerâmica). Iam aprimorando seus conhecimentos com estudo e dedicação.
Tempos depois, Maria Julieta se deparou com mais uma boa oportunidade batendo à sua porta: o curso de Artes Aplicadas, oferecido pela UFSJ. Como aluna da primeira turma, lidou com as dificuldades inerentes de um curso realizado pela primeira vez. Ainda assim, essa segunda graduação lhe abriu inúmeros caminhos e ela soube aproveitar cada oportunidade que o curso lhe ofereceu.
Hoje, ela se encontra totalmente envolvida com a cerâmica. Em busca de mais realizações, a artesã e ceramista Julieta Bassi está sob a orientação do Centro CAP (Centro de Capacitação e apoio ao empreendedor) para adquirir o selo IQS (Instituto de Qualidade de Segurança), sendo um exemplo de coragem e determinação.
Em julho, Maria Julieta apresentará sua exposição “Asas “, que trará os quatro elementos da natureza, representados por belas Ninfas, com suavidade e leveza.
VAN/ Delcimar Ribeiro
Foto: Delcimar Ribeiro