Garçons comemoram seu dia
A despeito do curso de formação de garçons oferecido pelo SENAC local, “o mercado de trabalho em São João del-Rei tem pouquíssima mão de obra formada”, diz Deacir Eduardo de Carvalho Costa, maître profissional e professor do SENAC. “Há muita gente interessada no trabalho, porém poucos se interessam em se qualificar”, diz.
Dono da Churrascaria Ramon desde 1967, Geraldo Arcanjo afirma que na cidade não existem garçons. “Coisa mais difícil em São João é garçom. Até estou precisando de um, mas eu sou difícil, seleciono muito”, afirma. De acordo com ele, os garçons preferem trabalhar com as equipes em festas, do que nos restaurantes, “porque não querem trabalhar domingo, feriado… e lá ganham mais”, diz Arcanjo. Entretanto, para Deacir, o problema é outro:
“ – Há uma falta de interesse das empresas nos garçons qualificados, já que assim eles exigiriam um salário maior, porque estudam para isso”.
Funcionário da UFSJ e garçom desde 1960, Wagner Tadeu Monteiro de Resende (69), também professor do curso de garçons do SENAC, garante que há uma desvalorização da classe e aponta para o mesmo problema: o salário baixo oferecido pelas empresas. “A própria casa não valoriza o garçom. Querem pagar apenas o salário mínimo, aí não dá”, reclama Monteiro. Daí acontece que o cliente é mal atendido e, por causa de um, todos pagam”, adverte.
De acordo com Deacir, que tem sua própria equipe de garçons e trabalha com eventos em São João del-Rei e Tiradentes, um garçom recebe em média 1100 reais por mês na região, mas alguns chegam a ganhar 1900. “Para mim, um salário justo seria de, pelo menos, dois salários mínimos”, atesta.
Vaga de emprego na área não falta e sobra até para os universitários. “Eu gosto muito de trabalhar com eles, pois são de outra cidade e precisam do dinheiro para pagar o aluguel aqui em São João”, pontua Deacir. O maítre diz ainda que o universitário é mais dedicado, tem um pouco mais de educação e vivência que o garçom local, consegue dialogar melhor com o cliente e, em alguns casos, domina outros idiomas.
E quando o assunto é o cliente, a valorização da classe parece aumentar. “Em Tiradentes, por exemplo, os turistas perguntam o nome do garçom e o chamam pelo nome. Isso mostra certo respeito”, explica Deacir. “Sou muito bem quisto e muito solicitado. Dessa forma estou sempre trabalhando”, comenta Wagner.